Buscar a Deus é a razão mesma da nossa vida, o sentido fundamental da nossa existência.
Que é o homem? O ser que tem sede de Deus, o bicho esquisito e único, cujo coração não sossega com menos que o Infinito; o animalzinho tão limitado que tende, instintivamente para o Eterno, que não se resigna a morrer, pois sua sede de viver é insuprimível!
Que é o homem? O estranho e fascinante ser que não se satisfaz com menos que o Amor e a Verdade. Não qualquer amor, mas o Amor que enche de sentido, plenitude e definitivo o próprio coração; não qualquer verdade, parcial, provisória, científica, mas a Verdade que descortina a razão última da existência e da própria vida pessoal.
Que é o homem? Aquele bichinho minúsculo, ínfima partícula do universo, que não se satisfaz com menos que o Tudo!
Ora, tudo isto, toda essa complexa e admirável realidade aponta para uma busca fundamental, estrutural de Deus em nós. Não adianta tentar fugir dela! Não adianta afirmar, de modo ora louco ora presunçoso, que Deus não existe! O vazio, a ânsia, a necessidade, a pergunta, estão lá, como brecha teimosa para o Infinito, como marca de fogo que Alguém deixou no humano coração!
A Deus o homem busca quando busca o prazer, o poder, o dinheiro, o sucesso, o amor, o conhecimento, o reconhecimento, a realização, a autoafirmação, a vida... Busca consciente ou inconsciente, superficial ou profunda, mas sempre busca de Deus.
Aquele que crê busca conscientemente; aquele que é cristão sabe precisamente a Quem busca e tem consciência de que antes de buscar, foi buscado por Aquele Amor que é a fonte de todo amor e aquela Verdade que é raiz de toda verdade e no humano coração deixou Sua marca bendita.
No entanto, é necessário sempre que nos perguntemos pela qualidade da nossa busca de Deus, de nosso caminho com Ele, perguntando-nos simultaneamente por nosso desprendimento em relação às coisas que nos cercam, às realidades às quais nos apegamos. Desprender-se para ser livre e maduro em relação a Deus! Quem não se desprende de si e das realidades que o cercam não caminha e não é disponível!
O Autor da Carta aos Hebreus nos recomenda largar o fardo, os fardos de nossos tantos e tão variegados apegos – que se tornam fardos de pecado – e correr para o Cristo, nosso “lugar” de encontro com Deus e nossa meta: “Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos Naquele que é o Autor e realizador da fé, Jesus... (Hb 12,1-2a)”. É a atitude daquele cego de Jericó, que, “deixando sua capa, levantou-se e foi até Jesus” (cf. Mc 10,50). Jesus, nosso Senhor! Jesus! Somente, unicamente, absolutamente, Jesus, Cristo de Deus! Que Nome doce, que Porto seguro, que Repouso verdadeiro, que Verdade repousante, que Amor plenificante!
Temos nós nossas capas, cheias de bens – esmolas, migalhas da vida...
Sabemos deixá-las para ir ao encontro Daquele que nos chamou e nos espera?
Que coisas nos prendem? Que ideias, ideologias, medos, humanos respeitos, covardias, sentimentos, atitudes, pessoas, nos impedem de ser generosos e livres? Quais os meus fardos de pecado?
É preciso pensar nestas coisas com sinceridade, diante de Deus! É preciso sair de nós, é preciso ir largando os fardos, pesados ou leves, se quisermos, de verdade o Infinito, o Eterno, o Amor, a Verdade, o Tudo... É preciso coragem de nos deixar em tudo para caminhar para Jesus, nosso Senhor, nosso Bem, nosso Único Necessário, única garantia de que esta nossa vida vale mesmo a pena! Olhe, olhe, que para isto não há mágica, não há atalho, não há desvio, não há desconto! “Este é o caminho: andai por ele!” (Is 30,21)
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