A Vós, meu Deus, elevo a minha alma.
Confio em Vós, que eu não seja envergonhado!
Não se riam de mim meus inimigos,
Pois não será desiludido quem em Vós espera! (Sl 24)
Caro Irmão, estas palavras do Sl 24 são a antífona de entrada da Missa do Primeiro Domingo do Advento. Ela revela bem o sentimento da humanidade e da Igreja neste tempo sagrado de expectativa pela Vinda do Senhor.
Primeiramente, o texto inicia com um “A Vós, meu Deus...” É toda a tensão, todo o desejo de uma humanidade que sai de si, que tem a coragem de ver sua radical insuficiência, sua visceral impotência de ser feliz sozinha, de providenciar por si mesma a vida plena que tanto deseja. “A vós, meu Deus, elevo a minha alma!” Enquanto o mundo atual dobra-se para o próprio umbigo, quase até quebrar o pescoço, o verdadeiro crente eleva o olhar ao Senhor. Dele vem a plenitude, Dele vem a vida, Dele vem a salvação, Nele o coração humano sossega e encontra a paz ante as tantíssimas incertezas da existência e as tristezas que ele encontra fora e dentro da Igreja! “Eu levanto os meus olhos para Vós, que habitais nos Céus! Eu levanto os meus olhos para os montes: De onde pode vir o meu socorro? Do Senhor é me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra!”
Ante as contradições da vida, ante os medos da existência, ante as inseguranças do caminho nesta terra, a antífona afirma, suplicante: “Confio em Vós, que eu não seja envergonhado!” Como não ouvir nestas palavras a voz da Igreja, dos verdadeiros filhos da Mãe católica, e a voz inconsciente e rouca da humanidade? “Senhor, confiamos em Ti e não em nós mesmos! Nas agruras da vida, em Ti colocamos a esperança, mantendo em Ti nossos olhos para que nossos passos não se desencaminhem. Em Ti confiamos, a Ti olhamos, a Ti nos voltamos, para que a vida não nos atropele e as trevas não nos engulam! Confiamos em Ti, nas Tuas mãos nos abandonamos! Não nos deixes envergonhados!”
E a afirmação final, ainda em prece: “Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em Vós espera!” Estas palavras exprimem admiravelmente a certeza da Igreja, do crente, do cristão para o Advento: esperar no Senhor, esperar pelo Senhor, mesmo contra toda a humana esperança, com os olhos fixos Nele, porque Ele vem! Sua Vinda no santo Natal – tornada mistério presente na liturgia sagrada – é pregustação daquela outra, futura, final, definitiva, quando passará o aperto desta vida e louvaremos, e cantaremos, e gozaremos, e repousaremos, e estaremos para sempre com Aquele que é o anelo de nossa vida, a beleza de nossa alma, o sonho mais bonito do nosso coração... Quem eleva os olhos ao Senhor, quem Nele espera, não erra o caminho, não é confundido nem fica envergonhado na tortuosa estrada da vida!
Ao final, como versículo: o solista pede, como todo cristão: “Senhor, mostra-me os Teus caminhos; ensina-me as Tuas veredas!” Ah, liberdade de quem se deixa conduzir pelo Senhor! Ah, santa paz, santa leveza de existência, leve respirar de quem não se mete a autossuficiente diante do Senhor!
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