A Palavra de Deus é sempre consolo para quem dela se aproxima com fé, com um coração crente, humilde e pobre. Ela é como a sarça ardente: crepita o fogo do Santo Espírito, sem se consumir jamais. E de dentro dela, o Senhor sempre nos chama, e chama-nos pelo nome, como chamou Moisés.
Pode-se estudar exegese, pode-se fazer curso sobre as Escrituras, pode-se fazer doutorado em ciências bíblicas, mas somente compreenderá a Palavra de Deus quem dela se aproxima com humildade, com fé, com um coração que escuta! Quem não se aproxima assim do texto santo, somente encontrará literatura antiga... Mas, nunca, nunca, nunca beberá da fonte viva e vivificante que é a Palavra do Deus vivo!
Escrevo isto para comentar o texto que serve de primeira leitura para este XVII Domingo Comum, Ano B: 2Rs 4,42-44.
Estamos no século IX antes de Cristo, no Reino do Norte, Reino de Israel, no tempo do Profeta Eliseu... Nesta época, existiam em Israel várias confrarias de profetas: viviam em comum e profetizavam de modo meio primitivo, meio exótico: dançavam, cantavam e entravam em transe... Falavam, então, em nome do Senhor... Eram pobres e muito religiosos... O povo os venerava, os respeitava e também, por vezes os discriminava, porque eram esquisitões, exóticos: uns “videntes” meio malucos... Mais tarde, no século VIII aC, Amós dirá a Amasias: “Não sou profeta nem filho de profetas” (cf. Am 7,14), isto é, não pertenço a confraria, a irmandade de profetas...
Pois bem: chega um homem onde estava Eliseu. Esse alguém é de Baal-Salisa, localidade próxima de Gilgal, onde se encontrava o profeta (cf. 4,38). Não se assuste com o nome baal... Ele significa simplesmente “senhor” e, por aqueles tempos, poderia até ser aplicado ao Deus de Israel...
Era um tempo de fome, este no qual esses fatos se deram... Eliseu estava com os irmãos profetas... Eram muitos os que ali se encontravam: os membros da irmandade, amigos dos profetas, devotos, talvez parentes... Mais de cem pessoas... Eram gente pobre, do povo...
O homem de Baal-Salisa trouxe pães feitos de cevada, das primícias da colheita daquele ano... Vinte pães... O pão de cevada é a comida dos pobres, dos camponeses... Pão bom mesmo era o pão de trigo... Esse pão de cevada é feito a nossa vida, é feito as nossas obras: pesem os nossos esforços, nossa vida é parca, é pobre e o que fazemos muitas vezes é tão misturado com intenções que não são tão puras como deveriam... Mas, como esses pães, são fruto do nosso esforço e da nossa boa vontade...
Eliseu manda o homem alimentar cerca de cem pessoas com apenas vinte pães... “Como hei de servir isto para cem pessoas?” O homem tem juízo; o profeta não sabe calcular... Pelo menos, não calcula com a lógica humana, com a medida humana, segundo as humanas possibilidades... Profeta não tem juízo mesmo! “Oferece a esta gente para que coma, pois assim falou o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará!’” Isto será sempre uma guerra, uma tensão: a nossa medida e a medida de Deus, a lógica do Senhor e a lógica humana, as possibilidades na perspectiva nossa e aquelas outras, segundo a perspectiva de Deus! O profeta é meio maluco porque vê sempre da perspectiva de Deus, tão difícil de ser compreendida por nós!
Pois bem, o homem “serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor!” A Palavra do Senhor é potente, é criadora, faz acontecer: onde não há nada, ela suscita, ela faz a vida brotar!
Assim, naquela reunião esquisita, de gente mais esquisita ainda, a partir de alguns pães de pobres, a Palavra criadora de Deus mostrou sua fecundidade, que sacia a fome e sustenta a vida!
Quem dera que com nossos pobres pães de cevada confiássemos em Deus... O Senhor faria por nós maravilhas; Ele nos revelaria a Sua presença e o esplendor da Sua Face bendita!
Pai Eterno e Todo Poderoso, me ajude a segui-Lo, me ajude a servir os doentes, me ajude a vencer as provações, me ajude a agradecê-Lo, me ajude a ser VOSSO discípulo missionário. Me ajude para que as pessoas não deixem perder alimentos, me ajude a caminhar, de acordo com a minha vocação. Me ajude a ser manso e humilde de coração. Me ajude a suportar o próximo com paciência e amor. Me ajude a trabalhar pela unidade e a paz. Me ajude a ter mais fé e esperança. Me ajude permanecendo sempre comigo, me ajude a ser VOSSO servo, me ajude viver o meu profetismo batismal, me ajude a fazer caridade, me ajude a obedecê-Lo com amor, isso eu LHE peço pela intercessão de Jesus Cristo, VOSSO querido filho e meu amado SALVADOR. Amém.
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