Is 61,1-2a.10-11
Salmo: Lc 1,46-54
1Ts 5,16-24
Jo 1,6-8.19-28
A tradição litúrgica da Igreja chama este Terceiro
Domingo do Advento de Gaudete, isto é
“Alegrai-vos!” No Missal Romano, a antífona de entrada exclama: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu
vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4,4.5). Como expressão
dessa alegria, pode-se usar no lugar do roxo, o cor-de-rosa, no tom conhecido
como “rosa antigo”. É um roxo suavizado, mistura do roxo do Advento com o
branco do Natal que já está às portas. Assim, a Liturgia exprime a exultação
pela aproximação da Santa Natividade do Salvador, o Cristo nosso Deus.
Alegrai-vos, pois! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal;
está próxima a Vinda do Senhor; está próximo de nós o Salvador nosso nos
diversos momentos de nossa existência! Ele não é Deus de longe; é Deus de
perto: Seu Nome será para sempre Emanuel, Deus-conosco!
Alegrai-vos! Há quem se alegre no pecado, há quem se
alegre em futilidades, há quem, mesmo alegrando-se com coisas que valem a pena,
esquece que toda alegria é passageira. Há os que de tantas pequenas, miúdas,
passageiras alegria, se esquecem da alegria verdadeira, aquela única que sacia
o coração e faz a vida valer a pena!
Quanto a vós, caríssimos, alegrai-vos com tudo quanto
é bom e louvável, mas colocai vossa maior e definitiva alegria no Senhor! Isto
mesmo, com o Apóstolo, eu repito: “Alegrai-vos
no Senhor! Alegrai-vos sempre no Senhor!” Somente Nele o coração repousa plenamente,
somente Nele encontra-se a paz que dura mesmo em meio à tribulação mais dura,
somente Nele o anseio mais profundo de nossa alma. Alegrai-vos! Mas seja o
Senhor o fundamento da vossa alegria, a causa última da vossa exultação!
Mas, quem é esse Senhor em Quem nos mandam que nos
alegremos? O Batista, neste hoje, nos adverte: “No meio de vós está Aquele que vós não conheceis!” Quem é ele?
Quem é este “Aquele”? João Batista, como bom mensageiro faz questão de
desaparecer: “Não sou o Messias, não sou Elias (coitados dos que imaginam que
João é Elias reencarnado!), não sou o Profeta anunciado por Moisés! Sou apenas
a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor!’” Insistimos: quem é
esse que está no nosso meio e que é preciso conhecer e reconhecer sempre de
novo para ter a alegria verdadeira? Ele é o Messias, Jesus de Nazaré, o Ungido
de Deus, o Enviado para trazer a salvação, a alegria e a paz para todos os
pobres de todas as pobrezas do mundo. Ouçamo-Lo, deixemos que Ele Se nos
apresente: “O Espírito do Senhor Deus
está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu; enviou-Me para dar a Boa-nova aos
humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção aos cativos e a liberdade
para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor!” Eis,
caríssimos, o Messias que esperamos, o Salvador que Deus nos concedeu. Ele, que
veio em Belém, que virá no final dos tempos, Ele mesmo vem a cada dia de nossa
atribulada existência! - Vem, Senhor Jesus! Vem, santo Messias! Teu povo
suspira por Ti, Tua Igreja sofrida e caminheira precisa de Ti! Não nos
abandones, não nos deixes sozinhos! Vem, Ungido de Deus, prometido aos nossos
pais, anunciado pelos profetas, apontado pelo Batista, colocado sob a guarda do
carpinteiro José, concebido e dado à luz pela Virgem Mãe! Vem, e a Mãe Igreja
exclamará (e nosso coração exclamará com
ela): “Exulto de alegria no Senhor e
minha alma regozija-se no meu Deus; Ele me vestiu com vestes de salvação;
adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas joias!”
Caríssimos, eis a causa da nossa alegria. Nós, os
cristãos, temos direito de nos alegrar, mesmo diante das tristezas do mundo;
temos o dever de manter a esperança, mesmo quando as possibilidades humanas
fracassam; temos a oportunidade de continuar esperando ainda quando os nossos
cálculos mostrem-se errados. Porque nossa esperança e certeza não se fundam em
nós nem em nossas possibilidades, mas Naquele que vem, Naquele que o Pai do céu
nos envia, Naquele que nunca conseguiremos conhecer totalmente, o Santo Messias
do Pai, Jesus, nosso Deus-Salvador!
Resta-nos, então, escutar com atenção o conselho do
Apóstolo: estar sempre alegre em Cristo; com os olhos fixos Nele; orar sem
cessar, buscando realmente ser amigo íntimo do Senhor, dando graças em todas as
circunstâncias, sabendo que Ele está próximo de nós, nunca longe de nossas
aflições e desafios. E mais: afastarmo-nos de toda maldade, procurando viver
segundo Cristo e não segundo o mundo, santificando no Senhor nosso corpo, nossa
alma e nosso espírito ou, em outras palavras, nossa dimensão física, nossa vida
inteligente e nossa sede de Deus, nossa saudade de Infinito.
Caríssimos, num mundo que nos despreza porque somos
cristãos, numa sociedade pagã, que nos ridiculariza e nos olha com indiferença,
tenhamos esta certeza: “Quem vos chamou é
fiel; Ele mesmo realizará isso!” Ele nunca nos deixará!
Que a escuta da Palavra santa do Senhor e a
participação no mistério do Seu Corpo e do seu Sangue nos preparem não somente
para as festas que se aproximam – a Natividade, a Sagrada Família, Santa Maria
Mãe de Deus, a Epifania, o Batismo do Senhor - mas, sobretudo para o Dia da
Vinda do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo! Amém.
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