At
1,1-11
Sl
46
Ef
1,17-23
Mt
28,16-20
Estamos
ainda nos dias pascais, nas alegrias da Ressurreição do Senhor. A Solenidade
que hoje celebramos – a Ascensão – e aquela do Domingo próximo – Pentecostes - são
ainda partes, aspectos do mistério da Páscoa: Ressurreição, Subida ao Céu e Dom
do Espírito são três aspectos do mesmo Mistério. Celebramo-lo num arco de cinquenta
dias porque, enquanto o Senhor Jesus deixou este nosso tempo, feito de ontens,
de hojes e de amanhãs, nós continuamos presos às horas, dias, meses e anos
deste mundo...
Eis:
Jesus ressuscita no Pai; não ressuscita para depois ir ao seu Deus e Pai!
Ressuscitar é, precisamente, sair da morte, entrando na Vida, que é o Pai. Isso
aparece claro em alguns textos dos próprios evangelhos. Em Lc 24,44, Jesus
ressuscitado, conversando com Seus apóstolos e sendo tocado por eles, diz
claramente que com eles não está mais: “São
estas as palavras que Eu vos falei quando estava convosco...” No próprio
Evangelho deste hoje, o Senhor, aparecendo aos Seus sobre o monte, dá a
entender que já está no céu: “Toda
autoridade me foi dada no céu e na terra!” Vede: Ele já recebeu tal
autoridade! Ele, durante quarenta dias aparece aos Seus, mas já não está entre
os Seus do modo como estava antes! Seu novo modo de permanecer conosco é na
potência do Seu Espírito Santo, também fruto da Sua Ressurreição e entrada no
Pai...
Se
é assim, qual o sentido desta Solene Ascensão do Senhor? Eis o seu significado,
tão importante para nós e para a nossa salvação: ressuscitado, Jesus foi
glorificado na Sua Pessoa, isto é, em Si mesmo. Na Ascensão, aparece o que Sua
Ressurreição significa para nós, o que o Cristo Se torna em relação a nós.
Vejamos:
Em
primeiro lugar, a Ascensão marca o fim daquele período de encontros que o Ressuscitado
teve com Seus discípulos para fortalecer-lhes a fé explicar-lhes a missão. É,
portanto, uma despedida! Como já foi dito, a partir desse momento o Senhor
estará com os Seus e poderá ser por eles percebido de uma forma nova: na
potência do Seu Espírito Santo, presente na força da Palavra anunciada e nos
sacramentos da Igreja. É assim, que a Ascensão abre caminho para o Pentecostes,
quando o Espírito, de um modo visível e barulhento, marca a inauguração da
missão da Igreja, que é testemunhar e anunciar o Senhor, tornando-O presente
nos gestos sacramentais.
Segundo:
a Ascensão nos revela aquilo que aconteceu no Céu com Jesus e que, na terra,
somente pela fé podemos saber e crer, isto é, Sua glorificação como Senhor do Céu
e da terra, Senhor da história humana e da Igreja. Ele ressuscitou e subiu ao
céu para tudo recapitular e de tudo ser a Cabeça, fonte de vida e salvação! São
Paulo nos disse na segunda leitura que “o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a Quem pertence a glória
ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos e fê-Lo sentar-se à sua direita nos
céus. Ele pôs tudo sob os Seus pés e fez Dele, que está acima de tudo, Cabeça
da Igreja, que é o Seu Corpo...” É assim que hoje, cheios de alegria,
proclamamos Jesus ressuscitado como Cabeça de toda a criação, Cabeça da
humanidade toda, Cabeça e sentido da história humana. E tudo isso Ele o é enquanto
Cabeça da Igreja, que é o Seu Corpo! Isso significa que toda a criação caminha
para Ele e Nele será um dia glorificada; que toda história somente Nele
encontra a direção e o sentido profundo; e que a Igreja participa da Sua obra
universal de salvação! Se toda salvação neste mundo somente pode vir através de
Cristo, vem desse Cristo que é, inseparavelmente, Cabeça da Igreja. Assim,
podemos e devemos dizer que sem o ministério da Igreja não há salvação
possível! Isso mesmo: fora da Igreja não há salvação, porque ela é o Corpo do
Cristo, sua Cabeça e único Salvador. Em outras palavras: todo ser humano de boa
vontade e consciência reta pode salvar-se, mas pode-o somente porque Cristo,
Cabeça da Igreja, morreu e ressuscitou e está à Direita do Pai em favor de toda
a humanidade, até de quem não crê Nele!
Em
terceiro lugar, glorificado, o Senhor é nosso Juiz! Para Ele caminham a história
humana e as nossas histórias. Somente Ele pode ver nosso caminho neste mundo
com Seu sentido profundo, somente Ele nos julgará, porque, à Direita do Pai,
somente Ele abarca toda a história com o Seu Espírito e desvela seu sentido
pleno. Quarto: desaparecendo de nossa vista humana, ele nos dá o seu Espírito,
inaugurando um novo modo de estar presente entre nós, mais profundo e eficaz:
agora Ele nos é interior, age em nós pela energia do Seu Espírito Santo: “Eis que Eu estarei convosco todos os dias,
até o fim do mundo!” – Essa promessa não é palavra vazia; é, sim, uma
impressionante realidade!
Em
quinto lugar, Sua presença na glória, à Direita do Pai, o constitui para sempre
como nosso Intercessor, como diz o Autor da Epístola aos Hebreus: “Cristo entrou no próprio Céu, a fim de
comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor!” (9,24)
Caríssimos,
a hodierna Solenidade é também nossa festa e motivo de alegria para nós! Aquele
que hoje sentou-Se à Direita do Pai é o Filho eterno feito homem, é um de nós!
Que coisa impressionante: hoje, a nossa humanidade foi colocada acima dos
Anjos! Aquele que, como Deus, foi colocado no presépio e no sepulcro, hoje,
como homem, foi colocado acima dos anjos, à Direita do próprio Pai! Ora,
alegremo-nos: onde já está o Cristo, nossa Cabeça, estaremos um dia todos nós,
membros do Seu Corpo! Era isso que rezava a oração inicial da Missa de hoje: “Ó Deus todo-poderoso, a Ascensão do Vosso
Filho já é a nossa vitória: membros do Seu corpo, somos chamados a participar
da Sua glória!” E a oração que faremos após a comunhão dirá claramente que
junto do Pai já se encontra a nossa humanidade, no Cristo glorificado.
Irmãos
e irmãs! Elevemos o olhar para o Céu: à Direita do Pai, Deus como o Pai, encontra-Se
o homem Jesus, nosso irmão, um de nossa raça... Ele é o objetivo para o qual se
dirigem a nossa existência e a historia humana, Ele é o nosso Juiz, Ele é o
nosso Intercessor! Que nossa vida, neste mundo que passa, seja cheia do gosto
da eternidade, porque Nele, nossa esperança é certíssima! Não temamos: Aquele
que está no céu Se nos dá em comunhão para que o experimentemos, O anunciemos e
O testemunhemos, até sermos plenamente unidos a Ele quando aparecer em Sua Glória
e entregar o Reino a Deus Seu Pai. “Jesus
Cristo é o mesmo, ontem e hoje; Ele o será por toda a eternidade” (Hb 13,8).
Amém.
Caríssimo Excelentíssimo e Reverendíssimo Dom Henrique Soares, sua benção!
ResponderExcluirAproveito este espaço para desejar-lhe muita paz e saúde plena para exercer o tão importante e abençoado ministério episcopal, como novo Pastor da Diocese da bela Palmares, que Deus, nosso bondoso Pai, vos abençoe no novo pastoreio que se inicia!
Sou um grande admirador seu, pelo belo exemplo de Sacerdote de Cristo, pelo carinho com a Santa Liturgia, pela fiel obediência ao Magistério da Santa Igreja de Cristo, e pelo caráter de cidadão brasileiro.
Rezarei pelo vosso Sacerdócio.
Paz de Cristo Jesus!
André