quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Homilia para a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

Nm 6,22-27
Sl 66
Gl 4,4-7
Lc 2,16-21

Hoje é a Oitava do Santo Natal. É um antiquíssimo costume da Igreja de Roma, voltar seu coração e sua mente, neste dia, para Aquela de quem nasceu o Salvador do mundo. O Evangelho de São Mateus afirma que os magos, ao entrarem onde estava a Sagrada Família, “viram o Menino com Maria, Sua Mãe e, prostrando-se, O homenagearam” (2,11).
Trata-se da homenagem solene e ritual prestada aos reis orientais. E, no Oriente, a Mãe do rei, chamada gebirah, exercia um papel importantíssimo. Pois, eis aqui, na cena do Evangelho, o Rei dos judeus, o Rei-Messias, o Rei que é Deus, e Sua Rainha-Mãe, sua gebirah, a Virgem Maria! Agradecida pelo seu “sim” ao plano de Deus, a Igreja chama-a, desde os primórdios da fé cristã, de “Mãe de Deus”, isto é, “Mãe de Deus-Filho feito homem”! Com isto, nós confessamos que o Menino nascido da Virgem é Deus verdadeiro e perfeito, uma Pessoa divina com a natureza divina completa e uma verdadeira natureza humana. Ele, Filho do eterno Pai, fez-Se realmente, como homem, filho de Maria Virgem, sem deixar de ser Deus! Na Virgem Santíssima, que trouxe em seu seio a segunda Pessoa da Trindade Santa, o divino e o humano se encontraram para sempre, os Céus e a terra se abraçaram para nunca mais se deixarem!

Ao recordar a Maternidade Divina de Nossa Senhora, a Igreja recorda também as condições maravilhosas dessa maternidade: ela aconteceu de modo virginal! Com efeito, a Mãe do Senhor concebeu virginalmente, virginalmente deu à luz e virgem permaneceu para sempre! A Virgem não somente concebeu, mas também virginalmente deu à luz um Filho – eis a profecia de Isaías (cf. 7,14). A Igreja canta esse mistério com palavras admiráveis: “Na sarça que Moisés via arder sem se consumir, admiramos o sinal da vossa incomparável virgindade, ó Mãe de Deus!” e ainda, pensando na porta selada, pela qual somente o Senhor passaria, como profetizou Ezequiel (cf. 44,2), a Igreja exclama: “A porta eterna do Templo eternamente fechado feliz e pronta se abre somente ao Rei esperado!”.
Aqui silencia a imaginação humana, pois que pertence ao segredo de Deus o modo como, Virgem, Nossa Senhora concebeu e ainda como, virginalmente, deu à luz! Uma coisa é certa: sua virgindade perpétua quer nos mostrar o quanto esse Menino todo vindo de Deus é um novo começo, um novo início para toda a criação e toda a humanidade! Além do mais, revela o quanto Maria Virgem foi integralmente de Deus, de corpo e alma. Num mundo que endeusa o sexo e exalta de modo abusivo a sensualidade, a Santíssima Virgem nos aponta outros valores e revela a beleza da virgindade e da castidade como expressão do ser humano vivendo livre, debaixo do senhorio de Cristo, no seu corpo, no seu afeto e na sua alma! Quanto mais alguém vive totalmente para o Senhor, mais fecundo se torna em sua vida e mais traz Jesus ao mundo, como testemunha do Reino dos Céus. Por isso a saudação que a Igreja hoje dirige à Virgem Maria: “Salve, ó Santa Mãe de Deus, vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos!”

Hoje também, oitavo dia do nascimento do Fruto do ventre da Virgem, a Igreja recorda a circuncisão do Menino. Ele, circuncidado, passou a fazer parte do Povo de Israel. Assim, cumpriu-se a promessa que Deus fizera a Abraão, nosso Pai. Da sua descendência o Senhor fizera surgir um Salvador para todas as nações: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o Seu filho, nascido de uma Mulher, nascido sob a Lei!”. Circuncidado, o Menino recebeu o nome de Jesus, que significa “o Senhor salva”. Seu nome revela Sua identidade, Sua missão e a causa da nossa alegria! Ele é a salvação que Deus nos concede, Ele é a nossa Paz, pois nos reconcilia com Deus e nos abre as portas do céu. Por isso mesmo, os cristãos hoje, juntamente com toda a humanidade, celebram o Dia da Paz. Para nós, essa Paz tem um nome, tem um rosto, tem um sorriso. Podemos encontrar tudo isso Naquele que veio de Maria, a Virgem! Somente abrindo-se para Ele, o mundo encontrará a verdadeira paz!

Confiemos, pois, os dias do novo Ano civil que está começando, a este Menino, o Príncipe da Paz. Que o Seu Nome repouse sobre nós, como uma bênção! Certamente, neste 2019 choraremos e sorriremos, venceremos e fracassaremos, cairemos e nos ergueremos... Não importa! Importa, sim, que estejamos com o Senhor, Ele, que estará sempre conosco. Ele foi apelidado – não esqueçamos – de Emanuel, Deus-conosco! Que este ano seja, como se colocavam nos antigos documentos, “Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo!”

Hoje, também tomaram posse os novos governantes da nossa Pátria e dos Estados da Federação brasileira. Como nos manda as Escrituras, rezemos pelos nossos governantes, para que nos dirijam com sabedoria, com prudência, com honestidade, com preocupação sincera pelo bem comum. Que nossos líderes não sejam corruptos, que se preocupem com os mais necessitados e promovam lealmente os verdadeiros valores humanos e cristãos que forjaram a nossa sociedade.

Coloquemos, pois, os dias de nossa vida nas mãos do Salvador. E, como penhor de que nossas preces serão ouvidas, supliquemos à Mãe de Deus toda Santa: “À vossa proteção recorremos, ó Santa Mãe de Deus! Protegei os pobres, ajudai os fracos, consolai os tristes, rogai pela Igreja, protegei o clero, ajudai-nos todos, sede nossa salvação! Santa Maria, sois a Mãe dos homens, sois a Mãe do Cristo que nos fez irmãos! Rogai pela Igreja, pela humanidade e fazei que, enfim, tenhamos paz e salvação!” Amém.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro Irmão, serão aceitos somente comentários que não sejam ofensivos ou desrespeitosos.
Nem sempre terei como responder ao que me perguntam, pois meu tempo é limitado e somente eu cuido deste Blog.
Seu comentário pode demorar um pouco a ser publicado... É questão de tempo...
Obrigado pela compreensão! Paz no Senhor!