Nos dias da Oitava da Páscoa ouvimos na Missa diária os evangelhos que narram as aparições do Ressuscitado aos seus discípulos.
Agora, nesta segunda semana, ouviremos o capítulo terceiro de São João. E por quê? Porque a tradição da Igreja vê aí, no diálogo de Jesus com Nicodemos, uma catequese sobre o Batismo. Batismo e Eucaristia, os sacramentos pascais, simbolizados na água e no sangue que brotaram do lado do Crucificado logo depois que Ele entregou o Espírito.
Como afirma a Primeira Carta de São João: três são os que dão testemunho de Jesus: o Espírito, a água e o sangue. Em outras palavras: no Batismo e na Eucaristia recebemos o Espírito Santo que nos testemunha o Cristo morto e ressuscitado como Senhor vivente e nos dá a Sua própria Vida divina recebida do Pai no evento mesmo da Ressurreição: “Morto na carne, foi vivificado no Espírito” (1Pd 3,18).
Na perícope de João 3, Nicodemos vem de noite à procura de Jesus. É um chefe judeu versado na Torá. Vem de noite à procura da Luz... Ele reconhece que Jesus vem de Deus, acredita nos sinais que o Senhor realiza, mas ainda não sabe, não crê que Jesus é o Filho de Deus... Como judeu, ainda está na noite! Aqui, não há remédio: um filho de Israel, por bom que seja, por bem intencionado que se mostre, somente alcança a luz quando crê em Jesus como o Messias enviado pelo Pai. Até lá, está na noite!
Ora, para que que se veja a Luz é necessário nascer de Alto, nascer de Deus, recebendo uma Vida divina, ressuscitada, e somente Jesus Cristo pode realizar isto, dando-lhe o Seu Espírito. Nicodemos confunde “nascer do Alto”, isto é, nascer de Deus, receber a Vida divina, do Eterno, com “nascer de novo” (em grego ánothen significa as duas coisas). Jesus, no entanto, refere-Se ao Batismo, no qual se nasce para a Vida que vem de Deus, Vida dada pelo próprio Jesus morto e ressuscitado: nascer da água e do Espírito significa nascer pela água que é instrumento do Espírito, isto é, que é símbolo eficaz da potente ação do Espírito. O que nasce da carne, da pura natureza humana, é somente carne e não tem como chegar à Vida de Deus. É preciso receber essa Vida divina pela água que doa o Espírito no Batismo.
Aqui, a inteligência humana desfalece. A ação do Espírito de Deus é como o vento: vemos os seus efeitos, mas não sabemos de onde vem nem para onde vai, pois Deus é Mistério, Deus é liberdade em toda a Sua obra. Ao homem cabe acolhê-Lo com amor e adoração. Aquele que recebe o Espírito e se deixa por Ele conduzir, torna-se livre, como o vento, é uma nova criatura, tem uma nova compreensão e, finalmente, experimenta que Jesus, nosso Senhor, realmente veio de Deus não como um simples profeta realizador de sinais, mas como o próprio Filho, divino como o Pai.
É esta a experiência dos que foram batizados na Páscoa; é esta a nossa experiência: experimentar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, Vivo e Vivificante, pleno do Espírito, Senhor que dá a Vida! Tal experiência é fruto da presença do Espírito de Cristo que recebemos nas águas batismais! Eis! Como os antigos hebreus atravessaram o Mar Vermelho, como Jesus atravessou o Mar da Morte, nós, atravessamos as águas batismais, deixando o Egito da velha vida para entrar na Terra Prometida que é a comunhão com o Pai através do Seu Filho Jesus Cristo, pois recebemos o Seu Espírito Santo!
Obrigada! Muito bom!
ResponderExcluirBasta eu ser batizado para ter a comunhão com o pai? E meus pecados não tiram essa comunhão? Comunhão é salvação?
ResponderExcluirQuando você é batizado você renuncia a satanás e deve fidelidade a Deus. para não perder a Comunhão. Se cometer pecado grave, perde a Comunhão com Deus, então você deve se arrepender e buscar o perdão através do Sacramento da Confissão, para poder voltar a estar Comunhão com seu Criador! Antes da pessoa ser batizada, dependendo da idade, a pessoa recebe catequese.
ExcluirObrigado! Ótima leitura!
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