Continuemos nosso caminho para a Grande Semana. Contemplemos o Senhor na Sua Paixão, meditando agora o segundo Cântico do Servo Sofredor (cf. Is 49,1-7):
“Ilhas, ouvi-Me!
Povos distantes, prestai atenção!”
Enquanto no primeiro Cântico era o Senhor Deus quem falava, apresentando o Seu Servo, agora, neste segundo Cântico, é o Servo quem fala, apresentando a Sua missão; e dirige-Se não a Israel, mas a todos os povos da terra.
É impressionante esta dimensão de universalidade da missão do Servo. Este personagem tão misterioso viria, certamente de Israel e para a salvação de Israel, mas também e de modo final, para toda a humanidade!
É o mundo inteiro que necessita de salvação, de sentido, de abrir-se para o Eterno para não perecer sufocado pela mesmice dos estreitos labirintos da humana existência...
Pense bem: o quanto o homem sozinho é incapaz de encontrar um sentido profundo para sua vida, seus atos, seu caminho, sua dor, sua solidão, sua morte...
“Desde o seio materno o Senhor Me chamou,
desde o ventre de Minha mãe pronunciou o Meu nome.
De Minha boca fez uma espada cortante,
Abrigou-Me à sombra de Sua mão;
Fez de Mim uma seta afiada,
Escondeu-Me na Sua aljava” (Is 49,1b-2).
O Servo não vem por Ele mesmo, autônomo, para viver e fazer do Seu modo: foi escolhido pelo Senhor Deus, foi por Ele plasmado e enviado.
Como Jeremias e tantos outros profetas, foi conhecido pelo Senhor e Dele recebeu o nome antes mesmo de nascer. Seu caminho está traçado, Sua missão está definida.
Cabe ao Servo sê-lhe fiel e realizar plenamente o quanto o Deus de Israel determinou.
É este tremendo caminho de obediência que Jesus fará: Ele sabe e diz todo o tempo que não veio por Si mesmo, mas veio do Pai e fala e realiza somente aquilo que o Pai Lhe determinou.
Por isso mesmo, esse Servo manso – como se viu no primeiro Cântico – tem uma palavra que é espada cortante, porque Palavra do próprio Deus, que ilumina, julga, denuncia e salva. O Servo é como uma flecha na mão do Santo de Israel: Ele é Sua arma, pela qual o Senhor Deus triunfará no Seu desígnio.
Para cumprir Sua missão, o Servo pode contar com a proteção do Senhor, que o protege com Sua mão, que O abriga e socorre; o Senhor guarda o Seu Servo como um guerreiro guarda sua arma na aljava. Que acontecerá com esse Servo, de missão tão árdua e tão protegido pelo Senhor?
“Disse-Me: ‘Tu és Meu Servo, Israel,
Em quem Me glorificarei’” (Is 49,3).
Quem é o Servo? É uma pessoa ou é o inteiro povo de Israel? Guarde bem esta pergunta!
Aqui aparece como sendo Israel. No entanto, no primeiro Cântico, o Senhor já disse que este Servo será aliança com o povo de Israel... Guarde bem estas coisas!
Agora basta observar como o próprio Servo testemunha o que Ele mesmo escutou do Senhor Deus: Tu és o Meu Servo! Eu vou Me glorificar em Ti!
Pense em Jesus, que em todo o tempo procurou sempre a glória do Pai: Pai, glorifica o Teu Nome! Toda a vida do Servo, toda a Sua missão será render glória ao Pai, obedecendo-O, realizando plenamente a Sua santa vontade.
Agora pense na sua vida:
Tem sido uma procura de Deus?
Sua existência é vivida na obediência ao Senhor ou na rebeldia, como se você fosse autônomo? Hoje vivemos no mundo da autonomia diante de Deus... O homem se pensa autônomo; esse bicho do qual se Deus retirasse a chuva, o sol e o ar, pereceria na morte...
Reze o Salmo 39/40
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