quarta-feira, 25 de março de 2020

Retiro Quaresmal 2020/25 - "Felizes aqueles que se abrigam no Senhor!" (Sl 2,12)

Quarta-feira da IV semana da Quaresma
Meditação XXIV: Um Deus docemente presente

Reze o Salmo 119/118,9-16
Detenhamo-nos ainda em Tb 9-10. Releia esta perícope como lectio divina.

1. Releia as palavras de Gabael a Tobias, em 9,6. Elas retomam muitos dos temas que já vimos nas meditações passadas... A Vulgata, a tradução feita por São Jerônimo, apresenta um texto mais completo dessas palavras: “Que o Deus de Israel te abençoe porque és filho de um homem de bem, justo, piedoso e esmoler. Abençoe também a tua mulher e os vossos pais, até a terceira e a quarta gerações! Bendita seja a vossa raça pelo Deus de Israel, que reina em toda a eternidade! Amém.” (Tb 9,9-12a, segundo a Vulgata - cf. Tradução da Ave Maria)

2. Agora veja Tb 10,1-3.7ab. Compare com Lc 15,11-13.20b-24. Na angústia desses pais e da mãe de Tobias, podemos entrever o amor do Coração do Pai dos Céus por todos nós! Foi este amor que Jesus nosso Senhor quis revelar com o Seu amor e a Sua misericórdia. Leia todo o capítulo 15 de São Lucas, sobretudo os vv. 7.10. Veja também Mt 7,7-11. Agora recorde Gn 22 e Rm 8,31-33. Estes textos nos dão uma pálida ideia do amor do Pai ao nos entregar o Seu Unigênito (cf. Jo 3,16).

3. Retome os vv. 11-13. São simples, feitos de alegria e piedade genuína. Observe:

(a) O profundo sentimento de pertença ao mesmo povo, ao mesmo sangue: irmão, filho, mãe, pai são palavras que aparecem a todo instante... Mais uma vez, recorde dos “irmãos de Jesus”, sobre os quais já falei antes... Este parentesco segundo a carne, na Nova Aliança, torna-se parentesco segundo o Espírito de Cristo: todo aquele que crer no Senhor Jesus Cristo e Nele for batizado é da Sua família, a Igreja, novo Povo de Deus, nascido não da carne ou do sangue, mas do Espírito de Deus! Por isso mesmo, em Cristo, somos todos irmãos verdadeiramente, pois nascemos da mesma pia batismal e fomos regenerados no mesmo Espírito Santo!

(b) Aparece também aqui a consciência sempre presente de que o Senhor está próximo dos Seus servos para protegê-los e guiá-los. Uma das grandes riquezas do homem antigo era esta profunda consciência da presença do Senhor. Hoje, tornamo-nos míopes para esta bendita presença e ação do Eterno. Nosso cientificismo, nosso apego à tecnologia, nossa vida empapada da satisfação dos sentidos corporais, nossa incapacidade de parar, meditar, rezar, silenciar, contemplar, tornaram-nos obtusos, fechados para o invisível. Somente consideramos real e efetivo o que cai no raio dos nossos sentidos e cabe na gaiola da nossa razão discursiva, analítica. Assim, bitolado em si mesmo e no seu mundozinho, o homem atual tornou-se pequeno, sozinho, sem graça... Reze o Sl 124/123.

(c) Encanta e causa santa inveja também a doçura e a riqueza da vida familiar. No seio da família, a pessoa se faz, se define, se constrói. Na família, ama e é amada; sai de si e se enriquece lançando-se no amor aos demais. Também nisto o homem atual é solitário, perdendo mais e mais os vínculos familiares, esquecendo de construir convivência, interação, partilha de tempo, bens, amor, vida... Mesmo entre os que creem, as relações familiares vão sendo reduzidas a relações meramente horizontais, seculares, perdendo-se o sentido do caráter sagrado das relações entre esposo e esposa, entre pais e filhos, entre irmãos, entre mais velhos e mais novos... Aqui é necessário perguntar-se pelas relações no interior da sua família... E você, como se coloca em tudo isto?

(d) Observe ainda quantos conselhos, quantos cuidados em construir relações, em criar vínculos, em cuidar para que a vida familiar seja cultivada, cresça e frutifique. Quais atitudes na sua família cultivam a vida familiar? Quais atitudes a deterioram e a destroem?

3. Agora, como Tobias, no v. 13, bendiga ao “Senhor do Céus e da terra, Rei de todas as coisas”, porque tudo Ele tem em Suas mãos benditas e, se Lhe formos fieis e obedientes, descobriremos sempre a Sua bendita presença em nossa vida e na vida dos que amamos. Peça a Nosso Senhor a graça de olhos que vejam, de coração que sinta e compreenda que o amor do Senhor enche o universo e penetra todas as coisas; como um Pai se compadece dos seus filhos, Ele Se compadece de cada um de nós! Reze o Sl 103/102.


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