sábado, 1 de fevereiro de 2020

Homilia para a Festa da Apresentação do Senhor

Ml 3,1-4
Sl 23
Hb 2,14-18
Lc 2,22-40

Irmãos caríssimos, neste ano, o 2 de fevereiro, exatos quarenta dias após o Santo Natal, está ocorrendo num Domingo. Assim, a Festa da Apresentação do Senhor Jesus Cristo no Templo torna-se solenidade e substitui a liturgia do Domingo, por tratar-se de uma festa do Senhor...
Ora, a Apresentação do Deus nascido da Virgem no Templo é um mistério; isto é, trata-se de uma realidade querida pelo Pai do Céu e cheia de significado e graça para a nossa salvação. Vejamos cinco aspectos deste evento salvífico:

Primeiramente, hoje, o Messias, Filho de Davi, entrou pela primeira vez na Cidade Santa, a Cidade de Davi, cidade messiânica por excelência: é o encontro do Messias com a Sua Cidade. Neste sentido, esta Festa é como que uma antecipação do Domingo de Ramos!
Nas antífonas do Ofício das Leituras, rezado pela Igreja, este aspecto é recordado: “Radiante de esplendor, põe-te de pé: despontou a tua Luz, Jerusalém, e a glória do Senhor te iluminou!” ou ainda: “De alegria exulta, ó nova Sião! Eis que vem o teu Rei, humilde e bondoso, salvar o Seu Povo”. É importante recordar que Jerusalém é imagem da Igreja, a nova Sião, que acolhe o Messias, seu Rei, seu Senhor, seu Esposo. A liturgia convida: “Sião, enfeita o teu quarto nupcial e recebe o teu Rei, Cristo Jesus, que a Virgem concebeu e deu à luz, e, conservando a virgindade após o parto, adorou Aquele mesmo a Quem gerou!”
Que a inteira Igreja, que cada Igreja diocesana, que cada paróquia, que esta nossa Assembleia litúrgica sejam Cidade do Messias, cidade que O acolhe, tendo acesas as lâmpadas da fé e do amor!

Um segundo aspecto: Se o Messias entra em Jerusalém pela primeira vez, esta visita concentra-se no Templo, também imagem da Igreja. E este é o aspecto mais presente na liturgia: “O Senhor vem a Seu Templo: vinde, adoremos!”; “Recordamos, Senhor Deus, vossa bondade, em meio ao Vosso Templo!” – diz a Liturgia das Horas. A primeira leitura da Missa, tirada do profeta Malaquias, recorda-nos que o Messias deveria visitar aquele Templo de Jerusalém, suntuoso no tempo de Salomão e reconstruído tão modesto logo após o Exílio de Babilônia: nele deveria entrar o Dominador, o Anjo da Aliança; por isso esse Templo é cheio de glória! Na entrada de Jesus no Templo, dois mistérios se cumprem: Deus realiza o que havia prometido pelos profetas: enviar o Messias a Israel – e agora Ele é apresentado oficialmente no Templo, centro da religião judaica; por outro lado, esse Templo é imagem da Igreja; para ela, Novo Povo de Deus, veio o Salvador; o Esposo veio até a Esposa.
Eis um dos motivos da procissão com velas, que pode ser realizada no início da Missa: a Igreja, como virgem prudente, vigia para acolher o seu Esposo com lâmpadas acesas: lâmpadas do amor, da fé, da esperança! E Este que vem é “luz para iluminar as nações” – como dirá Simeão -, as nações chamadas, pelo Batismo a entrarem na Igreja Esposa de Cristo, verdadeira Jerusalém, nossa Mãe.

Mais um aspecto, o terceiro. Hoje, o Menino, como primogênito, é apresentado a Deus, cumprindo a Lei de Moisés – “Todo macho que abre o útero materno será consagrado ao Senhor” (Ex 13,2). O Filho eterno, Autor da Lei, humildemente, submete-Se à Lei para nos libertar do julgo da Lei! É o mistério da humilhação e da obediência de Cristo, sempre presente no Seu caminho, e que culminará na Cruz, Morte e Sepultura. Queridos irmãos, aprendamos com o nosso Salvador a cumprir a vontade do Pai a nosso respeito! Aprendamos a Sua obediência!

Um quarto aspecto tocante nesta Festa: Simeão e Ana representam o Antigo Testamento: idosos, eles esperam a promessa do Senhor; eles vivem da Esperança de Israel. Pois bem, não foram desiludidos na sua certeza. Deus é fiel; não trai jamais! Podemos imaginar o velho Simeão tomando o Menino; podemos quase ver seu rosto iluminando-se; podemos vislumbrar sua emoção e gratidão a Deus: “Podes deixar, Senhor, o Teu servo partir em paz! Meus olhos viram a Tua Salvação!” É quase como se o Antigo Testamento dissesse: “Pronto! Cumpri minha missão; tudo quanto trazia em mim de promessa agora se realiza!”

Mais um aspecto: O Menino-Messias que Simeão toma nos braços é glória de Israel, é o cumprimento das promessas feitas aos Pais. Mas é também luz para iluminar todas as nações da terra: Ele veio para a humanidade toda, Ele veio abrir o Antigo Israel para o mistério do Novo Israel, que é a Igreja, Novo Povo de Deus – este é o outro motivo das velas na procissão que antecede a Missa de hoje: o Menino é Luz; a Virgem traz nos braços a Luz do mundo! No entanto, isto não acontecerá sem dor, sem a Cruz. Por isso, o mistério da contradição e a espada que traspassará o coração da Mãe! Não há salvação sem participação na Cruz, não há remissão dos pecados sem efusão de sangue, como diz a Epístola aos Hebreus (cf. Hb 9,22)!

Um sexto aspecto refere-se à sempre Virgem Maria. Com José, ela traz tudo quanto possui, seu Tesouro, o Filho primogênito, para consagrá-lo ao Senhor Deus. E Simeão avisa: o Senhor aceitou a oferta! Este Menino hoje apresentado a Deus no Monte Moriá – o Monte do Templo – um dia, seria imolado no Monte Calvário! Como não recordar aqui o dramático sacrifício de Abraão: ali mesmo, no Monte Moriá, o Senhor Deus poupou o filho de Abraão! É que no seu lugar, Deus estava preparando o Seu próprio Filho, filho de Maria, para ser sacrificado no lugar da descendência de Abraão! “Deus providenciará a vítima para o sacrifício!” – dizia Abraão à Isaac (cf. Gn 22,8) Hoje, se cumpriu esta palavra... E o Deus que poupou o filho de Abraão, não poupou o seu Filho, não poupou o filho de Maria! E quando chegar a hora do Monte Calvário, ela estará ali, com uma fé maior que a de Abraão, de pé, como Virgem Fiel, como Torre de Davi, como “terra bendita e sacerdotal”!

Caríssimos irmãos no Senhor, estes são alguns dos aspectos desta Festa riquíssima de significado. Haveria outros ainda... Admiremos e adoremos a sabedoria do Senhor, que com admirável sabedoria, conduz a humanidade à graça da salvação! E que hoje, interceda por nós a Virgem oferente sem igual, que apresentou ao Pai, como Luz para iluminar as nações, o Menino que chegou no Natal! A Ele, Deus nascido da Virgem, a glória, pelos séculos dos séculos. Amém.


2 comentários:

  1. Sua benção Dom Henrique. Obrigada Bispo santo por reflexões tão profundas a respeito da nossa fé. Deus santifique sua vida.

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  2. Deus Todo Poderoso e eterno, eu LHE agradeço pela solenidade da Apresentação do Senhor. Todavia, me ensine ser dócil ao meu anjo da guarda. Me ensine ser fiel ao meu SALVADOR. Me ensine viver como uma pessoa purificada. Me ensine fazer oferendas justas a SANTÍSSIMA TRINDADE. Me ensine vencer a escravidão. Me ensine ser misericordioso e digno de confiança para servi-Lo. Me ensine fazer boas confissões. Me ensine fugir das tentações. Me ensine viver como um cristão consagrado. Me ensine ser justo e piedoso. Me ensine ser guiado pelo Espírito Santo. Me ensine cumprir a VOSSA lei. Me ensine bendizê-Lo e louvá-Lo com alegria. Me ensine viver cheio de amor e paz. Me ensine alcançar a salvação. Me ensine seguir a luz do Céu. Me ensine levar a bênção para outras pessoas. Me ensine ter bons e santos pensamentos. Me ensine vencer o sofrimento. Me ensine fazer boas orações e bons jejuns. Me ensine viver cheio e sabedoria e graça. Isso eu LHE peço pela intercessão de Jesus Cristo, VOSSO querido filho e meu amado REDENTOR. Amém.

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