Ontem, a Igreja celebrou a Festa da Exaltação da Santa Cruz.
“Anunciamos Cristo crucificado” (1Cor 1,23) – afirmava São Paulo na leitura das Vésperas.
Cristo crucificado, Cristo fracassado, frágil, impotente, segundo a humana lógica; Cristo esquecido por Deus e pela humanidade, deixado só, feito homem de dores... Cristo morto até a morte por Sua fidelidade ao Pai, por Seu compromisso não com as modas de Sua época, não com os bem pensantes de plantão, mas unicamente com o Pai e o Seu Reinado, que deveria vir não segundo os modos, os tempos e a lógica dos homens, mas somente segundo o critério misterioso e oculto de Deus...
“Pregamos Cristo crucificado!” – Palavras tremendas para a Igreja de todas as épocas, porque não há outro Cristo a ser pregado (qualquer outro é falso, não é o Cristo, mas um anti-Cristo, obra de Satanás...).
E a Liturgia da Festa da Exaltação continuava, tomando as palavras do santo Apóstolo: “Escândalo para os judeus, e tolice para os gentios”... Pense bem, meu caro Irmão, porque nada mudou!
Cristo, com Sua Cruz, com Sua lógica, continua escândalo, continua tolice desprezível que não deve ser levada a sério... Sua lógica não é o sucesso, o poder, as ideias da moda, as ideologias de plantão, o que aparece nos meios de comunicação e aí faz sucesso.
Na verdade, Ele não Se deixa aprisionar nem mesmo pela lógica dos Seus discípulos! Para compreendê-Lo é necessário mesmo olhar e contemplar e sentir a Cruz do Senhor. Só ali o mistério do Crucificado deixa de ser loucura, tolice e escândalo...
“Mas para nós, chamados, judeus ou gentios, é Cristo, força e sabedoria de Deus”. Deve ser assim; deveria ser assim!
A Cruz do Senhor e o Senhor da Cruz – deveríamos ver aí a sabedoria e o poder do nosso Deus, que com força divina destroça o pecado e a morte com Seu amor até a Cruz e com sabedoria surpreendente revela a insensatez da pura lógica humana...
Nós, cristãos, deveríamos compreender a linguagem da Cruz, inscrita no coração do mundo, no coração da história, no coração da nossa própria vida... E, no entanto, também a nós, a Cruz escandaliza e também nós tanta vez não conseguimos compreender sua lógica salvadora!
A Cruz, a Cruz!
Lembra, caro Irmão, do Paraíso? Recorda-se das duas árvores plantadas pelo Senhor Deus?
A primeira era aquela que dava ao homem o poder de ser como Deus, senhor do bem e do mal. O homem poderia decidir não simplesmente fazer o bem e o mal, mas, muito mais ainda, decidir o que é bem e o que é mal, transformar o mal em bem e o bem em mal! É a nossa tentação fundamental – e tantas vezes fazemos isto na nossa vida, quando optamos pelo mal e, disfarçadamente, chamamo-lo bem! A outra árvore era a da Vida. Atenção para esta árvore; seu sentido é profundo!
Mesmo tendo criado o homem perfeito, Deus ainda lhe daria Sua plenitude dando-lhe a Vida divina, a plenitude de uma Vida de eterna e plena bem-aventurança, aquela Vida que ainda hoje é o desejo e a saudade do nosso coração. Mas, esta Vida – como tudo na nossa existência – seria dom de Deus, não simples conquista humana, que pensa poder estender a mão e tudo pegar... O homem receberia essa Vida gratuitamente, como dom, se não tivesse tentado tomar o lugar de Deus, querendo ser senhor do bem e do mal... Mas tentou, teimou, quis, quer ser como Deus... Resultado: ao invés da Vida, a morte, o coração ferido, a vida capenga, medrosa, frágil, que experimentamos na nossa existência...
Quanto à árvore da Vida, o caminho foi fechado para que o homem não pudesse, presunçosamente, comer seu fruto – Deus fechou o caminho... E o homem procura a Vida: vai à lua, a Marte, ao fundo do mar, ao coração da matéria, vasculha as galáxias, penetra no inconsciente e nas camadas mais profundas do psiquismo e não encontra esta árvore e não pode comer do seu fruto, que lhe daria a Vida plena, beata, feliz, divina, pela qual tanta anseia, mesmo quando insiste em dizer que não a deseja...
Mas, Deus (bendita seja a Sua bondade, o Seu amor, a Sua misericórdia), livremente nos abriu o caminho para esta árvore de Vida, gratuitamente nos ofereceu o seu fruto! Quem comer dele vive da Vida divina, quem provar dele vence a Morte, quem dele se alimentar tem a Vida eterna.
Que árvore? Que fruto?
Tu, Jesus, és o Fruto de Vida eterna: quem comer de Ti viverá! E a árvore da Vida, a árvore que dá esse Fruto bendito, é a Tua cruz!
Eis o mistério que adoramos na Exaltação da Santa Cruz: a árvore da Vida é a Tua Cruz, Senhor!
Em Ti, temos a Vida, em Ti, somos saciados de eternidade, em Ti, a morte é vencida de modo definitivo!
A Ti a glória para sempre, ó Poder de Deus, ó Sabedoria do Pai, que desmoraliza o escândalo dos judeus e a tolice dos gentios!
Até hoje o mundo não entende este mistério de AMOR.O nosso raciocínio é limitado quando olhamos só para o nosso Eu. PAZ E BÉM AMÉM.
ResponderExcluirGrande benção é para nós ler esta sábias palavras! Gosto muito de refletir nelas!
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