sábado, 1 de junho de 2019

O Mistério da Ascensão do Senhor

A Igreja celebra, neste Domingo, a Solenidade da Ascensão do Senhor. É profundo este Mistério – profundo e, em geral, tão desconhecido no seu sentido mais fundamental.

Ei-lo: no santo Dia da Páscoa o Pai derramou o Seu Espírito – força de Vida divina, potência de Ressurreição – sobre o Filho que estava morto na Sua natureza humana e, assim, ressuscitou Jesus. Ele, portanto, é o Vivente, Aquele sobre o qual a morte não tem mais poder algum: “Eu sou o Vivente! Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da Morte e do Hades” (Ap 1,18).
Ressuscitado, Jesus nosso Senhor é pura Glória divina, mesmo na Sua natureza humana, uma natureza igual em tudo à nossa, mas já sem as limitações da nossa; de um modo que jamais compreenderemos nem nesta vida nem na outra, a humanidade glorificada do Cristo Jesus (que, por si mesma, é criatura e, portanto, limitada) é agora o lugar onde habita o infinito Espírito Santo: “Nele – em Jesus ressuscitado – habita corporalmente a plenitude da Divindade!” (Cl 2,9). Deste modo, a Ressurreição é plena glorificação do Filho de Deus feito homem, é Sua exaltação.

Mas, e a Ascensão? Ressuscitado, glorioso, pleno do Espírito de Glória, o nosso Salvador recebe do Pai – como homem – todo o poder, toda a autoridade no Céu e na terra. É o homem Jesus, aquele de nossa raça, que foi feito, pela Sua glorificação, nossa Cabeça e Cabeça de toda a criação. A Escritura exprime esta realidade maravilhosa com uma linguagem simbólica, que expressa uma imagem conhecida do antigo Oriente: Jesus está sentado à Direita do Pai, isto é, participa da Glória do Pai com o mesmo Poder que este possui.

Participando da Glória do Pai, o homem Jesus, feito Filho do Homem glorioso em Sua humanidade, tem, agora, toda autoridade sobre a Igreja, sobre a história humana e sobre toda a criação.
Talvez você, meu atento Irmão, esteja se perguntando: Mas, o nosso Jesus não é Deus? Já não tinha autoridade sobre tudo?
Claro: como Verbo divino, igual ao Pai, como Deus, Ele sempre teve autoridade... Mas, observe bem o que eu acabe ide asseverar: Ele agora exerce tal autoridade como Filho divino feito homem! É um homem, um humano que, exatamente porque veio a este mundo, exerce de um modo novo (como Cabeça) a autoridade sobre o mundo; é um homem que entrou na história dos homens que, agora, divinizado na Sua humanidade unida à Pessoa divina do Filho, que, agora, redime e guia a história humana, dando-lhe o sentido último; é o Cordeiro imolado, que, entregando-Se pelos Seus, pela Igreja à qual amou, tornou-Se Cabeça e vivificador da Igreja. 
Exatamente por isto, Jesus na Sua Ascensão torna-Se também juiz: Juiz da história, Juiz de cada um de nós, precisamente porque é Filho do Homem: “Assim como o Pai tem a Vida em Si mesmo, também concedeu ao Filho ter a Vida em Si mesmo e Lhe deu o poder de exercer o julgamento, porque é Filho do Homem” (Jo 5,26s). Fazendo-Se homem, pode julgar a humanidade; unindo-Se a mim, é meu Juiz, porque sabe por experiência o sentido de ser humano!

Então, resumindo: a Glória que Jesus recebeu no Pai no Espírito Santo em Sua santa Ressurreição, Ele agora, pela Sua gloriosa Ascensão, fá-la dar frutos para nós: torna-Se Senhor e Cabeça da criação e da história, torna-se Juiz de toda a humanidade.


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