quarta-feira, 10 de abril de 2019

A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas - I

Caro Irmão,
Neste ano c da Liturgia, ouviremos na Missa do Domingo de Ramos e da Paixão, a narrativa de Paixão do Senhor segundo Lucas.
Assim, pretendo comentar os capítulos finais do Terceiro Evangelho neste espaço. É mais um modo de ajudar aos que desejarem numa boa preparação para a Semana Santa.
Confio-me às suas orações, para continuar exercendo meu ministério nestes espaços das redes sociais...

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Quando chegou a hora, Jesus pôs-Se à mesa com os apóstolos e disse: “Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal, antes de sofrer. Pois Eu vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no Reino de Deus”.
Então Jesus tomou um cálice, deu graças e disse: “Tomai este cálice e reparti entre vós; pois Eu vos digo que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus” (Lc 22,14-18).

Palavras tremendas, estas de Jesus, na Paixão que escutamos neste Domingo de Ramos (isto, se os jornaizinhos e livretos litúrgicos não reduziram a leitura da Paixão mais breve, fazendo o povo ouvir a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo os preguiçosos...).

“Desejei ardentemente comer convosco esta ceia pascal!” Cada um de nós deveria escutar, de modo grato, comovido, esta revelação tão doce do Coração do nosso Salvador! Estas palavras, ditas naquele Cenáculo de Jerusalém, ecoam de geração em geração de cristãos e, chegam hoje aos nossos ouvidos – quem dera chegassem também ao nosso coração: Ardentemente, o Salvador deseja comer Sua Páscoa deste ano conosco; Sua única e eterna Páscoa, tornada verdadeiramente presente e atuante em cada Celebração pascal! Este não é tempo de viagens, de passeios, de casas de praia ou de campo; este é tempo de comer com o Senhor e com os irmãos reunidos em Igreja a Sua Ceia pascal!

Jesus sabia que iria morrer, sabia do sacrifício tremendo, do drama horrendo que O esperava e O colocava todo presente nesta Ceia, Ceia comida “antes de sofrer”. Esta Ceia é a Ceia do Seu Sacrifício, a Ceia bendita na qual a Igreja celebrará, até que Seu Esposo volte, o Banquete do Seu Sacrifício pascal! E aí vem a revelação misteriosa, profunda, forte: “Nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus!” É a última refeição pascal do Senhor Jesus neste mundo.
A ceia judaica, celebrada a cada ano por Israel tinha um sentido profundo: tornava presente a libertação da escravidão do Egito, quando Deus fez de um bando de perdidos um Povo, o Seu Povo. Comendo a Páscoa, os judeus não somente entravam nesta salvação de Deus, mas experimentavam já, naqueles ritos solenes, a salvação definitiva e completa que ocorreria quando o Messias viesse. O cordeiro macho e sem defeito, sem nenhum de seus ossos quebrado, as ervas amargas das amarguras da vida, o molho avermelhado, como os tijolos do Egito, o pão da miséria, pão ázimo, sinal das misérias e precariedades de nossa vida: tudo profecia, tudo preparação, tudo saudade do Messias bendito que deveria vir...
E agora Ele veio: Sua Páscoa, saída deste mundo em dores de Cruz, passagem pelo Mar Vermelho da tremenda Morte e saída do outro lado, lado da Vida, lado do Pai, Deus de Israel – tudo isto estaria presente naquela Ceia derradeira, nos ritos judaicos que o Senhor agora faria Seus ritos, ritos de Sua Páscoa e da Páscoa de Sua Igreja, princípio de toda Liturgia cristã... “Nunca mais comerei desta Ceia! Ela é princípio e presença do Reino que Eu trouxe. Um dia, no Meu Dia, na Glória, comê-la-ei eternamente convosco, Meus discípulos, no Banquete sem fim do Céu, no qual Eu mesmo serei vosso alimento!”

E Jesus, seguindo o rito pascal judaico, tomou o primeiro dos quatro cálices, o Cálice da Aceitação. Sim, Jesus aceita o desígnio do Pai a Seu respeito, como o Pai aceitará o sacrifício do Filho por nós! “Não mais beberei deste cálice até que venha o Reino de Deus!” Sim, o Reino virá nas dores da Cruz e manifestar-se-á de modo pleno no Dia sem fim da Minha Glória!

É isto, caro Irmão meu! Esta Ceia bendita na verdade é já um Sacrifício, ou melhor, o Sacrifício único e perfeito do Salvador nosso! Aquilo que Ele realizaria na Cruz dando-nos o Reino, antecipou ritualmente, tornou verdadeiramente presente de modo litúrgico naquela Ceia!

Ceia de despedida, de saudade, de Amor que se entrega totalmente, sem nada reservar para Si. Santa Teresinha dizia que “amar é tudo dar e dar-se a si mesmo”. Nesta Ceia, Ceia da Eucaristia de cada Domingo, Jesus Se nos deu assim!

Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos, porque pela Vossa santa Cruz remistes o mundo!


Um comentário:

  1. Como são belas e edificantes vossas reflexões.

    Palavras tremendas, estas de Jesus, na Paixão que escutamos neste Domingo de Ramos (isto, se os jornaizinhos e livretos litúrgicos não reduziram a leitura da Paixão mais breve, fazendo o povo ouvir a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo os preguiçosos...).

    Concordo muito com esse parágrafo. E relacionado a ele lhe faço a seguinte pergunta: É verdade que a CNBB quer mudar o Missal?

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