Nesta última segunda-feira, XIX do Tempo Comum, começamos, na Missa, a escutar trechos do Profeta Ezequiel.
Ele encontrava-se em Babilônia, no Exílio, com os exilados. Era por volta do ano 592 aC. E, num êxtase, o Profeta teve uma tremenda experiência do Deus Santo de Israel. Se olharmos bem o texto (Ez 1,2-5.24-28), ele revela escondendo e diz sem dizer sobre o Deus Vivo, o Santo, o Deus de Israel.
Em todo o texto as expressões são: “algo como a forma de”, “a aparência fazia lembrar”, “semelhante a”, “se assemelhavam a”, “uma forma com a aparência de”, “algo semelhante a”... Em outras palavras: Deus é o Misterioso, o Santo! Não pode ser circunscrito, não pode ser descrito, não pode ser enquadrado! Ele é o que É, o Vivente, o “Sente”, isto é, “O que está sendo continuamente, sempre estável, sempre em movimento, sempre de novo, sempre o mesmo”!
Impressiona, no texto, as imagens ligadas ao fogo, à luz, ao brilho... Elas evocam a Glória do Senhor Deus, evocam o Seu Espírito, que é luz, vitalidade, vigor, movimento, dinamicidade, variedade, liberdade, criatividade, energia... O fogo ilumina, purifica, devora, transfigura, impregna, incandesce... O Fogo de Deus é o Seu Espírito: Ele é Presença de Deus, Potência de Deus, Energia de Deus, Glória de Deus, Dinamismo de Deus, Vitalidade de Deus, Misteriosidade de Deus!
Impressiona ainda, na perícope, que esse Deus tão misterioso e imenso tenha “uma forma com aparência humana” (v.26). Ele não é humano, Ele não tem forma, Ele não pode ser visto, descrito, circunscrito e, no entanto, no meio do Fogo, todo de Fogo, deixa-Se entrever numa forma de fogo como que numa aparência humana... Santo Irineu diria, no século II, que era já o Verbo “acostumando-Se” a caminhar com o homem e “acostumando” o homem a receber Deus!
Deus tão imenso, Deus tão próximo,
Deus tão compreensível, Deus tão incompreensível!
Mas, onde se deu tal visão?
Resposta surpreendente: no Exílio, em Babilônia, longe do Templo, longe de Jerusalém, distante da Terra Santa!
Resposta surpreendente: no Exílio, em Babilônia, longe do Templo, longe de Jerusalém, distante da Terra Santa!
Que coisa!
O Deus de Israel não é o Deus da Terra Santa! Não é o Deus de Jerusalém! Não é o Deus do Templo!
O Deus de Israel não é o Deus da Terra Santa! Não é o Deus de Jerusalém! Não é o Deus do Templo!
A Terra Santa é de Deus; e só é “santa” porque é de Deus;
mas Deus não é o Deus da Terra Santa! Ela não pode retê-Lo!
Jerusalém é de Deus; e é Cidade Santa da Antiga Aliança, porque ali reside o Nome do Eterno!
Mas, o Eterno não é de Jerusalém, não é o Deus de Jerusalém, não pode ser aprisionado nos muros da Cidade!
O Templo é de Deus: ali Ele repousa os Seus pés, ali habita o Seu Nome...
Mas, Ele mesmo, não está preso ao Templo, não precisa do Templo, não Se limita a ele...
Mas, Ele mesmo, não está preso ao Templo, não precisa do Templo, não Se limita a ele...
Assim, Deus aparece no Exílio!
Deus exilado com o Seu Povo!
Deus que padece com o Seu Povo padecente!
Deus solidário, Deus próximo, Deus providente!
E, no entanto, Israel não pode dominá-Lo, não consegue engaiolá-Lo, não poderá nunca manipulá-Lo, barganhar com Ele, usá-Lo para sua própria satisfação!
Eis o Deus de Israel, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo!
Eis o nosso Deus:
Em Jesus nosso Senhor, Ele veio, Ele Se deu todo, Ele revelou Seu Nome de Abbá, Ele Se fez ternura, proximidade, misericórdia, ternura, compaixão, piedade,
mas permanece misterioso, inapreensível, indisponível para quaisquer manipulações!
A Ele somente se pode acolher, não reter;
A Ele somente se pode admirar, não compreender;
Por Ele somente se pode deixar-se envolver, não abraça-Lo;
Dele somente se pode intuir, não esquadrinhar!
Ele É!
O Santo!
Bendito seja o Reino do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
assim como era no princípio, agora e sempre
e por todos os séculos dos séculos.
E a Igreja, admirada e exultante, diga: Amém!
Que texto maravilhoso. Bendito seja Deus!
ResponderExcluirObrigado Dom Henrique pelos textos, rezamos cada dia pelo seu sim!
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