Is 42,1-4.6-7
Sl 28
At 10,34-38
Mc 1,7-11
A
Festa de hoje encerra o sagrado tempo do Natal: o Pai apresenta, manifesta a
Israel o Salvador que Ele nos deu, o Menino que nasceu para nós: “Tu és o Meu
Filho amado; em Ti ponho o Meu Bem-querer”, ou, segundo a versão de Mateus:
“Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo!” (3,17).
Estas
palavras contêm um significado muito profundo: o Pai apresenta Jesus usando os
mesmos termos do profeta Isaías, que ouvimos na primeira leitura da Missa.
Mas,
note-se: Jesus não é somente o Servo; Ele é o Filho, o Filho amado! O Servo que
o Antigo Testamento anunciava é também o Filho amado eternamente!
No
entanto, é Filho que sofrerá como o Servo, que deverá exercer Sua missão de
modo humilde e doloroso!
Hoje,
às margens do Jordão, Jesus foi ungido com o Espírito Santo como o Messias, o
Cristo, Aquele que as Escrituras prometiam e Israel esperava.
Agora,
Ele poderá começar publicamente a missão de anunciar e inaugurar o Reino de
Deus, Seu Pai, que O enviou.
Esta
missão, Ele começou efetivamente desde que Se fez homem por nós; agora, no
entanto, vai manifestar-Se publicamente, primeiro a Israel e, após a
ressurreição, a toda a humanidade!
Atenção,
que é na força do Espírito Santo que Ele pregará, fará Seus milagres, expulsará
Satanás e inaugurará o Reino do Pai;
é
na força do Espírito que Ele viverá uma vida de total e amorosa obediência ao
Seu Deus e Pai e doação aos irmãos até a morte e morte de cruz, quando se
oferecerá por nós ao Pai num Espírito Eterno (cf. Hb 9,14).
Mas,
atenção ainda: como já dissemos, esse Jesus que é o Filho bendito, é também o
humilde Servo sofredor, anunciado por Isaías.
Hoje,
o Pai revela a Jesus qual o modo, qual o caminho que Ele deve seguir para ser o
Messias como Deus quer:
na
pobreza,
na
humildade,
no
despojamento,
no
serviço!
É
assim que o Reino de Deus será anunciado no mundo!
Que
mistério!
"O
Senhor Deus abriu-Me os ouvidos e Eu não fui rebelde, não recuei!
Ofereci
o dorso aos que Me feriam
e
as faces aos que Me arrancavam os fios da barba!" (Is 50,6s)
Jesus,
o santo Servo Sofredor deverá ser manso: “Ele não clama nem levanta a voz, nem
Se faz ouvir pelas ruas”.
Deve
ser cheio de misericórdia para com os pecadores, os fracos, os pobres, os sem
esperança: “Não quebra a cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega”.
Ele
irá sofrer, ser tentado ao desânimo, mas colocará no Seu Deus e Pai toda a Sua
esperança, toda a Sua confiança: “Não esmorecerá nem Se deixará abater,
enquanto não estabelecer a justiça na terra”.
O
Senhor Deus estará sempre com Ele e Ele veio não somente para Israel, mas para
todas as nações da terra:
“Eu,
o Senhor, Te chamei para a justiça e Te tomei pela mão;
Eu
Te formei e Te constituí como aliança do povo,
luz
das nações,
para
abrires os olhos aos cegos,
tirar
os cativos da prisão,
livrar
do cárcere os que vivem nas trevas”.
E
Jesus já começa cumprindo Sua missão na humildade: Ele entra na fila dos
pecadores, para ser batizado por João. Ele, que não tinha pecado, assume os
nossos pecados, faz-Se solidário conosco; Ele, o Cordeiro de Deus que tira os
pecados do mundo!
“João
tentava dissuadi-Lo, dizendo: ‘Eu é que tenho necessidade de ser batizado por
Ti e Tu vens a mim?’ Jesus, porém, respondeu-lhe: ‘Deixa estar, pois assim nos
convém cumprir toda a justiça’” (Mt 3,14s). Assim convinha, no plano do Pai,
que Jesus Se humilhasse, Se fizesse Servo e assumisse os nossos pecados!
Ele
veio não na glória, mas na humildade,
não
na força, mas na fraqueza,
não
para impor, mas para propor,
não
para ser servido, mas para servir.
Eis
o caminho que o Pai indica a Jesus, eis o caminho que Jesus escolhe livremente
em obediência ao Pai, eis o caminho dos cristãos, e não há outro!
Uma
última observação, muito importante: João diz: “Eu vos batizo com água, mas
virá Aquele que é mais forte do que Eu. Ele vos batizará no Espírito Santo e no
fogo”.
O
batismo de João não é o sacramento do Batismo: era somente um sinal exterior de
que alguém se reconhecia pecador e queria preparar-se para receber o Messias.
Ao
ser batizado no Jordão, Jesus é ungido com o Espírito Santo para a missão. Esta
unção será plena na ressurreição, quando o Pai derramará sobre Ele o Espírito
como Vida da Sua vida. Então – e só então – Ele, pleno do Espírito Santo no
Qual o Pai O ressuscitou, derramará este Espírito, que será também Seu
Espírito, sobre nós, dando-nos uma nova Vida, vida do próprio Deus, em semente
neste mundo e em Glória na Eternidade!
Para
os cristãos, não há batismo nas águas, mas somente Batismo no Espírito,
simbolizado pela água (cf. Jo 3,5; 7,37-39). Ao sermos batizados, recebemos o
Espírito Santo de Jesus e, por isso, somos participantes de Sua missão de
viver, testemunhar e anunciar o Reino de Deus, a Vida eterna, a Vida no amor a
Deus e aos irmãos, que Jesus veio anunciar ao Se fazer homem igual a nós! Mas
este testemunho não é festivo, não é de oba-oba, mas um testemunho dado na
simplicidade, na pobreza e na humildade do dia a dia!
Eis!
O Menino que nasceu para nós, a Criança admirável que cresceu em sabedoria,
idade e graça, submisso aos Seus pais na família de Nazaré, o Deus perfeito,
filho da Toda Santa Mãe de Deus, Aquele que com o brilho de sua Estrela atraiu
a Si todos os povos, hoje é apresentado pelo Pai:
Ele
é o Filho querido,
Ele
é o Servo sofredor,
Ele
é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo,
Ele
é o Messias, o Ungido de Deus!
Acolhamo-Lo
na nossa existência e no nosso coração e nossa vida terá um novo sentido.
Seguindo-O, chegaremos ao coração do Pai que O enviou e é Deus com Ele e o
Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.
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