Sb 12,13.16-19
Sl 85
Rm 8,26-27
Mt 13,24-43
Continuamos a escutar o Senhor que, sentado na barca, imagem da
Igreja, nos fala do Reino dos Céus... Permanecemos atentos, como aquela
multidão em pé, à beira-mar, embevecida: "Nunca nenhum homem falou
assim..."
Hoje, Ele nos apresenta três parábolas: a do trigo e do joio
semeados no campo do mundo e do nosso coração, a do grão de mostarda que cresce
a abriga as aves dos céus e, finalmente, a do tiquinho de fermento que leveda
toda a massa... É assim o Reino dos Céus!
As três parábolas mostram a fraqueza do Reino, sua fragilidade
escandalosa, mas também sua força invencível, seu poder, sua capacidade de tudo
impregnar e transformar, até chegar à vitória final. Só que para compreender
isso – os mistérios do Reino -, é necessário ter a paciência, a sabedoria que
nos dá a capacidade de acolher os tempos e os modos de Deus! Mas, vamos às
parábolas. Nunca esqueçamos, Irmãos: o Reino de Deus não é óbvio! A lógica do
Reino não é a nossa, pois esse Reino é de Deus e Deus é Santo: ultrapassa-nos,
é Mistério! Ele é o Papai de Jesus, o Abbá, mas é também o Santo de Israel, o
Deus misterioso e livre, cujo modo de agir tantas vezes nos desconcerta!
Primeiro, a parábola do trigo e do joio. Que nos ensina aqui o
Senhor? Que lições nos quer dar? Em primeiro lugar: Deus não é inativo,
indiferente ao mundo, à nossa vida de cada dia. No Seu Filho, semeou o trigo do
Reino no campo deste mundo e no campo do nosso coração. Como diz o Livro da
Sabedoria, na primeira leitura de hoje: "Não há, além de Ti, outro Deus
que cuide de todas as coisas!" Sim: nosso Deus é um Deus presente, um
Deus atuante, um Deus que cuida de nós com amor e, com amor, vela por Suas
criaturas! Não duvidemos, não percamos de vista esta realidade: num mundo de
cimento armado e violência, fome, mortes e corrupções de todos os modos, Deus
está presente, Deus cuida de nós!
Uma segunda lição desta parábola: no mundo e no coração de cada um
de nós infelizmente há o mal, o pecado, a treva. Por favor, não mascaremos o
mal do mundo nem o mal do nosso interior! É preciso desmascará-lo, é preciso chamá-lo
pelo nome! Não mascare, Irmão, Irmã, o mal da sua vida, do seu coração, da sua
consciência! Esse mal não vem de Deus; vem do Antigo Inimigo, do Diabo que,
mais esperto que nós, tantas vezes faz o mal nos parecer bem e até achar que
nós mesmos estamos acima do bem e do mal! O Diabo é assim: semeia o mal e faz
com que ele se confunda com o bem, como o trigo e o joio, quese assemelham. E
nós, tolos, confundimos tudo e pensamos ser bem o que é mal – mal semeado pelo
Maligno! Por favor, olhe o seu coração: não se engane, não finja, não mascare,
não minta pra você mesmo! Chame o mal de mal e o bem de bem!
Numa terceira lição, a parábola de Jesus nos ensina a paciência,
sobretudo com o mal que vemos no mundo e nos outros! Somos impacientes,
caríssimos, e até julgamos Deus e o seu modo de agir no mundo. Recordemos a
paciência de Deus, que salva, e fujamos da impaciência nossa, que coloca a
perder... Jesus nos pede que confiemos em Deus, que acreditemos na Sua ação e
nos Seus desígnios, tempos e modos: Não há, além de Ti, outro Deus que cuide
de todas as coisas e a quem devas mostrar que Teu julgamento não foi injusto. A
Tua força é princípio da Tua justiça e o Teu domínio sobre todos Te faz para com
todos indulgente. Dominando Tua própria força, julgas com clemência e nos governas
com grande moderação; e a Teus filhos deste a confortadora esperança de que
concedes o perdão aos pecadores".
Escutemos ainda um pouco o Senhor; aprendamos com as parábolas do
grão de mostarda e do fermento que leveda a massa. Precisamente porque o modo
de pensar e agir de Deus não é como o nosso, o Reino dos Céus aparece tão
frágil, tão inseguro, tão precário... pequenino como um grão de mostarda,
pouquinho como uma pitada de fermento! E, no entanto, será grande, será forte,
será vitorioso e abrigará as aves dos céus! Será eficaz, forte, e penetrará
toda a massa deste mundo! - Mas, quando, Senhor? Por que demoras? Por que
parece que estás longe? Por que pareces dormir? Observem, Irmãos, que em todas
as parábolas do Reino, Jesus deixa claro que, ao fim, haverá um julgamento de
cada um de nós e o Reino triunfará!
Mas, para não descrer, para não desesperar, para não ver e sentir
simplesmente na nossa medida e com nossas forças, supliquemos que o Espírito do
Ressuscitado venha nos socorrer, "pois não sabemos o que pedir, nem
como pedir!" Só o Espírito do Cristo, o Semeador do Reino, pode nos
fazer perceber os sinais desse Reino bendito, os sinais de Deus no mundo e na
vida. Só o Espírito nos sustenta, fazendo-nos caminhar sem desfalecer, de
esperança em esperança... Só o Espírito nos ensina as coisas do Reino: Ele
torna o Reino presente porque torna Jesus presente. Por isso mesmo, em vários
antigos manuscritos do Evangelho de São Lucas, na oração do Pai-nosso, onde geralmente
tem "Venha o Teu Reino" aparece "Venha o Teu Espírito"! É o
Espírito de Cristo que torna o Reino presente em nós e no mundo. Deixemo-nos,
portanto, guiar por Ele, pois "o Reino de Deus é paz e alegria no
Espírito Santo!"
Eis, caríssimos! Aprendamos do Senhor, vigiemos e acolhamos Sua
palavra. Se formos fiéis e perseverarmos até o fim, cheios de júbilo, veremos a
realização da Sua promessa, que encerra o Evangelho de hoje: "...
então, os justos brilharão como o sol no Reino do seu Pai!" Que assim
seja! Amém!
Com certeza o nosso Deus é misericordioso e clemente, ele é aquele Pai generoso da parábola do filho pródigo. Portanto aprendamos com Ele a sermos amorosos e busquemos a nossa conversão o mais rápido possível. Peçamos a Deus que nos dê um coração bom, para produzirmos frutos agradáveis ao Senhor.
ResponderExcluir