1Rs
3,5.7-12
Sl
118
Rm
8,28-30
Mt
13,44-52
Continuamos,
neste hoje, a escutar Jesus falando-nos do Reino dos Céus. Saído do barco à
beira-mar, chegado em casa, Ele nos conta ainda três parábolas: o Reino dos
Céus é como um tesouro escondido num campo; um homem o encontra e, cheio de
alegria, vende tudo e o adquire! O Reino dos Céus é como uma pérola de grande
valor; o homem vende tudo e, fascinado por sua beleza, vende tudo e a
adquire... Observem, irmãos, que Jesus nos quer fazer compreender que todo aquele
encontra o Reino, sai de si, fascinado pelo Reino encontrado! Achar o Reino é
achar o sentido da vida, é encontrar aquilo por que vale a pena viver. Quem de
verdade encontra o Reino, quem o experimenta, muda para sempre sua existência:
vai ligeiro, vende tudo, fica cheio de alegria! Encontrar o Reino é encontrar
Jesus, e encontrar Jesus de verdade é encontrar a razão de viver, o sentido da
existência, é encontrar-se consigo mesmo! Quem encontra o Reino assim, se
encontra, parte de si mesmo e vai viver de verdade! Quantos cristãos
experimentaram isso, quantos fizeram-se loucos, pareceram loucos, por amor de
Cristo! Quantos jogaram fora amores, família, projetos, bens materiais... O que
os levou a isso? O que aconteceu com Santo Antão, que vendeu todos os bens e
deu aos pobres e foi viver no deserto, sozinho? O que aconteceu com Francisco
de Assis? O que aconteceu com a Beata Madre Teresa de Calcutá ou com a Ir.
Dulce? O que aconteceu com aquele moço que largou tudo e foi ser religioso, com
aquela moça sem juízo que entrou numa comunidade de vida? O que aconteceu com
aquele casal, que mudou seu modo de viver, seu círculo de amizade, que deixou
suas badalações? O que aconteceu com São Maximiliano Kolbe, que entregou a vida
no lugar de um pai de família? Com São José de Anchieta, que deixou sua pátria
e se embrenhou no Brasil selvagem para anunciar Cristo aos índios? O que
aconteceu com todos esses? O que aconteceu? O que acontece ainda hoje e
continuará acontecendo ainda aminhã e depois com tantos? Eles descobriram o
tesouro, eles encontraram uma pérola de valor imensurável, eles experimentaram
a paz, a doçura, a verdade do Reino dos Céus!
Meus
caros, estejamos atentos! Quem é mole nas coisas de Deus, quem é pouco generoso
no seguimento de Cristo, quem sente como um fardo os apelos do Senhor, não
experimentou ainda, não encontrou o tesouro, não viu a pérola de grande valor,
não descobriu de verdade o Reino dos Céus! Cristãos cansados, cristãos sem
entusiasmo, cristãos pouco generosos, cristãos de cálculos humanos, cristãos de
racioínios pagãos, cristãos com uma lógica igual à do mundo são cristãos que
nunca – nunca! – experimentaram a paz do Reino, a beleza do Reino, a doçura do
Reino, a plenitude do Reino que Jesus nos mostra e nos dá! Atentos, irmãos:
pode-se ser cristão e nunca ter-se experimentado o Reino! Pode-se ser padre ou
religioso sem nunca ter descoberto o Reino... Aí, já não há alegria, já não há
entusiasmo, já não se corre, se arrasta, se rasteja! O Reino tem pressa, o
Reino faz vibrar, o Reino nosdeixa bêbados de sonhos por Cristo, o Reino nos
faz generosos para com o Senhor, o Reino nos impele porque descobrir o Reino e
experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo! Quantos de nós se entusiasmam com
tantas coisas e são tão lerdos quando se trata do Senhor e do seu Reino... Não
seríamos nós um desses?
E,
no entanto, o sonho de Deus é que todos possam encontrar o Seu Reino; para isso
Ele nos criou, para isso nos destinou. Escutemos o Apóstolo: "Pois
aqueles que Deus contemplou com Seu amor desde toda eternidade, a esses Ele
predestinou a serem conformes à imagem do Seu Filho... E aqueles que Deus
predestinou, também os chamou. E aos que chamou também os tornou justos, e aos
que tornou justos também os glorificou". Isso nos coloca diante de
duas realidades, caríssimos. Primeiro: o dever que temos de anunciar o Reino a
toda a humanidade! A Igreja é missionária, anunciadora do Reino dos Céus! Uma
Igreja que não tenha o desejo, que não sinta a necessidade de levar Jesus aos
que ainda não o conhecem, é uma Igreja morta, sem o calor do Reino, sem o
entusiasmo do Reio, sem a embriaguez do Reino, uma Igreja que já não
experimenta a alegria de crer! Estejamos atentos: há tantos em terras distantes
e tantos bem próximos de nós que não tiveram ainda a alegria do Reino dos Céus,
pois que não encontraram o tesouro, na viram a pérola de grande valor! Ai de
nós se não anunciarmos a esses a Boa Nova do Reino dos Céus! Nunca esqueçamos:
quem encontra algo de muito bom, sente o desejo de comunicar, de partilhar, de
tornar conhecido aos demais. Se em nós não há ímpeto missionário, é porque não
encontramos, de verdade, a o Reino e sua alegria! Pensemos bem!
Mas,
há uma segunda realidade, que precisamos levar em conta. Descobrir o Reino
exige um olhar iluminado pela graça de Deus. Sozinhos, com nossas próprias
forças, somos incapazes de discernir essa presença do Reino! Por isso é
necessário suplicar, como Salomão, um coração para compreender: "Dá ao
Teu servo um coração compreensivo – um coração que escute!" No
Evangelho de hoje, Jesus termina perguntando: "Compreendeste essas
coisas?" – Senhor, pedimos nós, dá-nos um coração capaz de
compreender! Sem Teu auxílio ninguém é forte, ninguém é santo! Mostra-nos o
tesouro, que é o Teu Reino! Faz-nos encontrar a pérola de grande valor, pela
qual vale a pena perder tudo e todo nela encontrar! Faz-nos sentir que, pelo
Reino, vale a pena deixar redes, barcos, a vida perder; deixar a família e
dinheiro não ter!
Concluamos,
agora, com a última, das sete parábolas: O Reino dos Céus é como uma rede
jogada no mar deste mundo... Ela apanha todo tipo de peixe – apanhou a mim, a
você... Olhem a Igreja, olhem a nossa comunidade: há de tudo! Todo tipo de
gente, todo tipo de cristão! Mas, um dia – no Dia de Cristo! -, a rede será
puxada para a margem e os peixes bons serão recolhidos nos cestos do Senhor e
os peixes ruins serão lançados fora, para o fogo queimar... Eis como Jesus
termina! Prevenindo-nos que é necessário decidir-se pelo Reino, que nossa vida
valerá ou não a pena, terá ou não sentido dependendo de nossa atitude em
relação ao Reino que Ele veio anunciar... Acolher o Reino aqui far-nos-á entrar
no Reino pela Eternidade; regeitar o Reino agora, excluir-nos-á dele para
sempre! Que palavra, que mistério, que medo, que esperança!
Irmãos,
irmãs! "Compreendestes tudo isso?" Que o Senhor no-lo conceda,
Ele que Reina para sempre. Amém.