sábado, 5 de abril de 2014

V Domingo da Quaresma - Jesus: Vida que vence a Morte!

Ez 37,12-14
Sl 129
Rm 8,8-11
Jo 11,1-45

De hoje a oito entraremos na Semana Santa, com a solenidade dos Ramos e da Paixão do Senhor. Agora, neste último Domingo antes dessa Grande Semana, a Liturgia nos apresenta o Senhor Jesus como nossa Ressurreição e nossa Vida. Aqui, não estamos falando de modo figurado, metafóricos! Jesus é realmente, propriamente, a nossa Vida e a nossa Ressurreição! Ele é o cumprimento do sonho de vida e felicidade que o Pai, desde o início, tem para nós: “Ó Meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel. Porei em vós o Meu Espírito, para que vivais!” É em Jesus que esta promessa se cumpre, é Nele que somos arrancados das sepulturas da vida e da sepultura da morte; é no Seu Espírito Santo, derramado sobre nós, que o Pai nos vivifica! É em Jesus, o Cristo, o Filho amado, que todos os anseios de vida – tão presentes de tantos modos no nosso coração – encontram sua realização e sua saciedade.

Caríssimos, Jesus é a própria Ressurreição; Ele é a própria Vida, Vida plena, Vida divina, Vida eterna! Jesus é a plenitude da vida, da nossa existência: Nele, o nosso caminho termina não no Nada do absurdo, do vazio, mas na plenitude da Glória. Sem Ele, seríamos nada, sem Ele, tudo quanto vivemos terminaria no aniquilamento: “De que nos valeria ter nascido, se não nos redimisse em Seu amor?” – é o que vai perguntar a liturgia da Igreja daqui a poucos dias, na noite da Páscoa. Num mundo que procura desesperadamente a vida, a felicidade; numa época como a nossa, em que se tem sede de um motivo para viver, de um sentido para a existência, Jesus Se nos apresenta como a própria Vida! Nele – e só Nele! – ressuscitaremos, vencendo a morte; Nele – e só Nele! – viveremos a Vida divina, a Vida que é o próprio Espírito Santo que Ele nos dá como germe no Batismo e nos dará plenamente na Ressurreição final!

Mas, escutemo-Lo falar, Ele mesmo nos Evangelho deste Domingo. Deixemos que Ele nos fale da vida, que Ele mesmo nos ensine a viver!

Lázaro estava doente, sofrendo; depois, morreu. Suas irmãs estavam sofridas, angustiadas, imploraram tanto pela vinda do Senhor para curar o irmão... E Jesus não vai; Jesus demora-Se... Quantas vezes fazemos, nós também, esta mesma experiência em nossa vida. “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela!” E, pensemos bem: Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. Quando ouviu que estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar em que Se encontrava”... Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos, os nossos tempos e modos não são os Dele. “Senhor, se estivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido...” Jesus sentiu a morte de Lázaro, Jesus “ficou profundamente comovido” e chorou por Lázaro, mas não impediu sua doença e sua morte! Vede, irmãos: nosso Deus não é tapa-buracos; jamais compreenderemos Seu modo de agir! Ele nos ama, Ele é fiel, Ele Se preocupa conosco, Ele conhece nossas dores. Mas, jamais compreenderemos Seu modo de agir no mundo e na nossa vida! Uma coisa é certa: se crermos, veremos sempre a glória de Deus, em tudo no mundo e em tudo na nossa vida Deus será glorificado! Fora glorificado no cego de nascença do Domingo passado; será glorificado no morto Lázaro deste Domingo: Sua Luz dissipa as nossas trevas, como Seu Espírito vivificante destroça e vence a nossa morte!

Então, Jesus consola Marta e Maria. Jesus lhes promete a Ressurreição. Compreendei, meus Caros: como grande parte dos judeus, as irmãs esperam a Ressurreição no Último Dia, no final dos tempos. Jesus, então, faz uma das revelações mais impressionantes de todo o Evangelho: “Eu sou a Ressurreição! Eu sou a Vida!” Atenção! Levemos a sério esta afirmação! Detenhamo-nos diante dela, admirados! A Ressurreição que os judeus esperavam chegou: é Jesus! A Ressurreição não é uma coisa, uma realidade impessoal, uma força, uma lei da  natureza! Não! A Ressurreição é uma Pessoa: ela tem coração, rosto, voz e amor sem fim! A Ressurreição é Jesus em Pessoa: “Eu sou a Ressurreição e a Vida! Quem crê em mim, mesmo que esteja morto, viverá!” É Ele Quem vem nos buscar, é na força Dele que seremos erguidos da morte, é Nele que nossa vida é salva do Absurdo, do Nada, do Vazio: “quem vive e crê em Mim, não morrerá para sempre!” Nunca será demais a surpresa, a admiração, a grandeza dessas palavras! Caríssimos, “Deus nos deu a Vida eterna, e essa Vida está no Seu Filho” (1Jo 5,11), esta Vida é o Seu Filho que, morto e ressuscitado, nos dará o Espírito vivificador! Somente para deixar mais claro: (1) Jesus é a Ressurreição: Ele nos levantará da morte, Ele nos livrará – alma nossa e corpo nosso – das garras da morte; (2) Ele é a Vida, a Vida divina, a Vida do Eterno, porque nos dá o Seu Espírito vivificante. Assim, a Vida de ressuscitados não é mais esta nossa vida sofrida e precária, mas a Vida divina; (3) quem tenha morrido e ressuscite com esta Vida divina que somente Jesus nos pode conceder, nunca mais morrerá, mas viverá com esta Vida divina, eterna, para sempre!

Caríssimos, estamos para celebrar a Páscoa. Não esqueçamos que é para que tenhamos a Vida que o nosso Jesus se entregou por nós: morto na carne foi vivificado no Espírito Santo pela Sua Ressurreição (cf. 1Pd 3,18). Ressuscitado, plenificado no Espírito Santo, derramou sobre nós esse Espírito de vida, dando-nos, assim, a semente de Vida eterna: “Se o Espírito do Pai que ressuscitou Jesus dentre os mortos já habita em vós, então o Pai que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do Espírito que habita em vós!”


É esta a nossa esperança: a Ressurreição! Por ela vivemos, dela temos certeza! E já possuímos, como primícias, como garantia o Espírito Santo de ressurreição. Então, vivamos uma vida nova, uma vida de ressuscitados em Cristo Jesus: “Os que vivem segundo a carne, segundo o pecado, não podem agradar a Deus! Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito” do Cristo Jesus! Então, vida nova! Deixemo-nos guiar pelo Espírito! Renovemo-nos! Convertamo-nos! Que as observâncias da santa Quaresma, o combate aos vícios, a abstinência dos alimentos e a confissão dos pecados nos preparem para celebrar de coração renovado a Santa Páscoa – esta, de 2014 e, um dia, aquela, da Vida eterna! Amém.



Um comentário:

  1. Gostei da explicação de Dom Henrique e concordo plenamente com ele quando diz que nós devemos viver uma vida de ressuscitados, uma vida santa, uma vida em processo de conversão, uma vida que agrade a Deus, sem vícios, sem maldade, sem orgulho, sem ódio. Uma vida de discípulos missionários a serviço do reino de Deus.

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