XLI Dia da Quaresma – XXXV de penitência
(Jo, 11,1-54)
39Disse
Jesus: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, interveio: “Senhor, já cheira
mal. Está morto há quatro dias”. 40Jesus lhe respondeu: “Não te disse que, se
creres, verás a glória de Deus?”
Comentando:
Humanamente falando, a ordem de Jesus é absurda: para
os judeus, no quarto dia da morte começava a decomposição do cadáver. Eis: a
situação de Lázaro é irreversível: ele já cheira mal; está totalmente dominado
pela morte, carcomido por ela.
No entanto, a resposta de Jesus é peremptória: “Se tu creres, verás a glória de Deus!”
Esta palavra ainda hoje tem um enorme poder de comover aquele que a escuta com
seriedade: aquele que crê de verdade no Senhor é capaz de ver a presença
gloriosa de Deus mesmo nos momentos mais obscuros e tenebrosos da existência!
Para quem crê, mesmo a treva mais profunda não é
escura, pois o crente, no claro-escuro da fé, participa misteriosamente da luz
do Senhor Deus: “Nem as trevas são
escuras para Ti e a noite é clara como o dia; para Ti as trevas são como luz”
(Sl 138/139,12).
41Tiraram
então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, Eu Te dou
graças porque Me ouviste. 42Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por
causa do povo que Me rodeia, para que creia que Tu Me enviaste”.
43Tendo dito
isso, exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” 44O morto saiu, atado de
mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus
lhes disse: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” 45Então, muitos dos judeus que
tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram Nele.
Comentando:
Jesus nunca reza para realizar Seus milagres, pois Ele
os faz por Sua própria força e poder. Basta que diga “Eu quero” ou “Eu ordeno”
e assim se faz. Por que aqui Ele reza? Observe que Ele não pede nada ao Pai
nesta oração. Reza para que todos os presentes compreendam o sentido do que Ele
vai realizar: a revivificação de Lázaro deve deixar claro que Ele vem do Pai e
tudo faz em comunhão com o Pai. Que ninguém diga que é por Beelzebu! O ato que
Ele realizará deve deixar claro que Jesus é o Enviado do Pai, o Messias
prometido a Israel!
Depois, a ordem impressionante e Lázaro, que sai da
morte, da treva do sheol e volta, corpo e alma a este mundo! Assim o Senhor
mostra Seu poder absoluto sobre a morte: pode ser alguém morrido naquele
momento, como a filhinha de Jairo, alguém cujo enterro já estava a caminho,
como o filho da viúva de Naim ou, de modo ainda mais impressionante, alguém já
em decomposição: Jesus tem total domínio sobre a morte! Assim, Ele deixa claro
que ressuscitará e nos ressuscitará na Sua Ressurreição.
Mas, para isso, para que você e eu ressuscitemos, Ele
mesmo deverá morrer, no lugar de Lázaro, no meu e no seu lugar, caro Leitor:
“Foram contar
aos fariseus o que Jesus tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus, então,
reuniram o sinédrio e discutiam: ‘Que vamos fazer? Este homem faz muitos
sinais!’ Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdotes naquele ano, disse: ‘Vós não
entendeis nada! Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que
perecer a nação inteira?’ Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo
sacerdote naquele ano profetizou que Jesus iria morrer pela nação, e não só
pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. A partir desse
dia, decidiram matar Jesus” (Jo 11,46-53).
Comentando:
Comentando:
Veja: é assim que termina a história da ressurreição
de Lázaro: com a condenação de Jesus à morte!
No início desta narrativa, o Senhor dissera que a
doença de Lázaro não era para a morte, mas para que por ela o Filho do Homem
fosse glorificado... Frase que parecia tão escandalosa: um Deus que Se
glorifica às custas do sofrimento e da morte de alguém! Mas, a agora, o seu
significado aparece claro: pela revivificação de Lázaro, Jesus é glorificado
porque mostra o Seu poder sobre a morte, mas, mais ainda, e de modo
surpreendente, a revivificação de Lázaro será a gota d’água que levará o
Sinédrio a decidir que Jesus deve morrer: Ele será levantado da terra na cruz e
manifestará a Sua glória: “Pai, chegou a
hora: glorifica o Teu Filho!” (Jo 17,1).
Que fique claro: quando o Senhor nosso afirma que
aquela doença de Lázaro é para a Sua glória é porque aquela doença e aquela
morte vão levar Jesus à morte e, na morte e ressurreição Ele será glorificado: "Embora fosse o Filho, aprendeu,
contudo, a obediência pelo sofrimento; e, levado à perfeição, Se tornou para
todos os que Lhe obedecem princípio de salvação eterna, tendo recebido de Deus
o título de Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedec" (Hb 5,8-10).
"Vemos Jesus coroado de honra e glória por causa dos sofrimentos da morte!
Pela graça de Deus, provou a morte em favor de todos os homens!" (Hb 2,9)
Eis, meu Leitor: não há sofrimento, não há dor que não
seja para a glória do Filho de Deus, pois em cada dor nossa está presente a dor
Dele, a dor terrível, o abandono tremendo, a morte trágica pelos quais Ele nos
salvou da de uma vida sem sentido e da Morte eterna!
Ele venceu e nós podemos cantar: “A morte foi tragada pela vitória; onde está, ó morte, a tua vitória?
Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor 15,54s)
Admire! Contemple! Adore tão grande Mistério!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caro Irmão, serão aceitos somente comentários que não sejam ofensivos ou desrespeitosos.
Nem sempre terei como responder ao que me perguntam, pois meu tempo é limitado e somente eu cuido deste Blog.
Seu comentário pode demorar um pouco a ser publicado... É questão de tempo...
Obrigado pela compreensão! Paz no Senhor!