At
2,42-47
Sl
117
1Pd
1,3-9
Jo
20,19-31
Estamos
ainda em pleno Dia da Páscoa, “o Dia que
o Senhor fez para nós” – é esta a Oitava da Santa Páscoa.
Se
no dia mesmo da Ressurreição, a liturgia centrava nossa atenção no próprio
Senhor ressuscitado, vencedor da morte, hoje, neste Domingo da Oitava, a
atenção concentra-se nos efeitos dessa vitória formidável para nós e para toda
a humanidade.
Eis!
O Senhor Jesus, morto como homem, morto na carne (cf. 1Pd 3,18b), isto é, Sua natureza
humana, foi ressuscitado pelo Pai, que derramou sobre Ele o Espírito Santo,
Senhor que dá a Vida. E agora, cheio do Espírito, Jesus nos dá esse Dom divino,
esse fruto da Sua Ressurreição.
Primeiro
dá-Lo aos Seus Apóstolos “ao anoitecer
daquele dia, o primeiro depois do sábado”. Passou o sábado dos judeus,
passou a Lei de Moisés, passou a antiga criação. E Jesus ressuscitado sopra
sobre os Apóstolos o Espírito Santo, recebido do Pai na Ressurreição: “Como o
Pai Me enviou na potência do Espírito, também Eu vos envio agora na força desse
mesmo Espírito! Recebei, pois, o Espírito Santo, dado para gerar o mundo novo,
o homem novo, o homem segundo a Minha imagem, o homem reconciliado, na paz com
Deus! Paz a vós! Os pecados serão perdoados nesse dom do Meu Espírito!” Assim
começa o cristianismo, assim ganha vida a Igreja: no Espírito do Ressuscitado!
Os
Apóstolos agora, recebendo o Espírito, recebem a vida nova do Cristo, a vida
que dura para a eternidade. Esse mesmo Espírito, nós o recebemos nas águas do
Batismo e na comunhão com o Sangue do Senhor na Eucaristia. Por isso mesmo, a
oração da Missa hodierna nos pede a graça de compreender melhor, isto é, de
viver intensamente na vida “o Batismo que
nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o Sangue que nos redimiu”. Em
outras palavras: pela participação aos santos sacramentos, sobretudo no Batismo
e na Eucaristia, nós recebemos continuamente o Espírito do Ressuscitado e,
assim, recebemos a Sua nova Vida, a Vida que nos renova já aqui, neste mundo, e
nos dá a Vida eterna. Por isso a segunda leitura de hoje nos diz que o Pai, “em Sua grande misericórdia, pela Ressurreição
de Jesus Cristo dentre os mortos, nos fez nascer de novo, para uma esperança
viva, para uma herança incorruptível”, reservada a nós nos céus! A
Ressurreição de Cristo é garantia da nossa, o Seu Espírito, que nós recebemos,
é semente e garantia de Vida eterna e, por isso, é causa de alegria e força
para nós, cristãos. Nós recebemos a Vida eterna, nós cremos na Vida eterna, nós
já vivemos tendo em nós as sementes da Vida eterna!
Mas,
estejamos atentos: esta nossa fé na Ressurreição tem consequências concretas
para nós: “Os que haviam se convertido
eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos Apóstolos, na comunhão fraterna,
na fração do pão e nas orações. Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e
colocavam tudo em comum...” Eis: a fé na Ressurreição do Senhor, a vida vivida
na Vida nova que Cristo nos concedeu, faz-nos existir de um modo novo,
iluminados por uma nova regra de vida (o ensinamento dos Apóstolos e seus
sucessores), sustentados pela fração do Pão eucarístico e testemunhas de uma
vida de comunhão, de amor fraterno, de mansidão, de coração aberto para Deus e
os irmãos.
Mais
uma coisa: prestemos atenção num fato importantíssimo: a Ressurreição do Senhor
não é uma fábula, não é um mito, não é uma parábola. O Senhor realmente venceu
a morte, realmente entrou no Cenáculo e realmente Tomé, admirado e
envergonhado, feliz pelo Senhor e triste por sua incredulidade, tocou as mãos e
o lado do Senhor vivo, ressuscitado! Por isso, o cristão não se apavora diante
dos reveses da vida, dos compromissos e renúncias pelo testemunho de Cristo e
nem mesmo diante da morte: “Sem ter visto
o Senhor, vós O amais. Sem O ver ainda, Nele acreditais. Isso será para vós
fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais:
a vossa salvação”. Nunca deixemos, Amados em Cristo, que nos tirem a
certeza da Ressurreição do Senhor! Porque Ele ressuscitou verdadeiramente, Sua
presença é tão concreta neste Altar bendito quanto foi concreta naquele
Cenáculo, há dois mil anos atrás! Não apostamos a vida num mito, não nos
consolamos com uma fábula, não empregamos a vida numa metáfora, um sonho feito
historinha! Não! Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente! Nele nossa
esperança, Nele nossa certeza, Nele nossa vitória, Nele o sentido da nossa
existência neste mundo e por toda a eternidade, pelos séculos dos séculos.
Amém.
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