segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Um Deus tão próximo e tão misterioso!

Neste tempo natalino, como não nos admirar com o surpreendente modo de agir de Deus; um modo que nos desconcerta: o surpreendente sinal de Belém: um recém-nascido envolto em faixas numa manjedoura, a visita da gentinha do povo (isto eram os pastores), o silêncio de Deus ante as inocentes e indefesas criancinhas de Belém, mortas por causa do Menino...

Quem pode compreender o pensamento do Senhor? Quem pode verdadeiramente compreender, enquadrar nos limites da própria razão um Deus assim?

Acostumamo-nos a pensar, quase que inconscientemente, que compreendemos o Senhor, que sabemos os Seus passos, que podemos calcular o proceder do Senhor Deus. Não! O Senhor nosso Deus é Santo (isto é, separado, para além de quanto possamos compreender, imaginar, circunscrever ou prever). Sabemos com certeza certa que Seu Nome é Amor, é Fidelidade (basta olhar o presépio, basta olhar a cruz), mas o modo como tal amor e fidelidade aparecem na nossa vida é, mais das vezes, desconcertante...

Então, aparece claro que o verdadeiro crente, ao fim das contas, é aquele que crê sem compreender tudo, é aquele que aceita caminhar com o Senhor ainda que tudo paraça escuro e, às vezes, sem sentido.

Infelizmente, a autossuficiência, a soberba, a ilusão de tudo poder engaiolar na razão – taras do homem atual – fazem que seja tão custosa a atitude de entrega, de confiança, de abandono nas mãos do Senhor! Se não compreendo, então Deus não existe; se não cabe na minha lógica, então não há um Deus; se não serve para resolver os meus problemas, então mudo de Senhor... Olhando bem, até mesmo boa parte dessas pregações pentecostais leva consigo esse germe maldito de ateísmo, enquanto propugnam um deusinho tapa-buracos, feito sob medida para resolver nossas questões...

Vamos a Belém! Prostremo-nos, admirados, ante a surpresa desse Deus-Conosco tão pequeno e misericordioso, tão meigo e encantadoramente criativo nos Seus modos de agir...

Ó Senhor meu, não Te compreendo não!
Custa-me crer num Deus tão pequenino no presépio,
Tão pobrezinho, envolto em faixas,
Tão dependente, nos braços da Virgem Mãe,
Tão indefeso, sob o olhar de José...

Deus-conosco, Conselheiro Admirável,
Por que deixaste morrer assassinadas tantas criancinhas em Belém?
Príncipe da Paz, por que já entraste no mundo trazendo guerra,
No morte de inocentes, nos pais que viram seus filhos arrancados de seus braços violentamente,
Em José e Maria, por Tua causa fugindo para o Egito, como exilados?

Não! Não Te compreendo não!
Mas, vejo-Te feito homem e Te adoro com todo o Meu coração,
Vejo-Te pequenininho e me comovo Contigo,
Penso-Te no frio da noite de Belém e minha vontade é de abandonar-me totalmente nas Tuas mãos fofinhas,
Contemplo-Te no aperto da penosa fuga para o Egito e morro de vontade de Te acolher no meu coração, na Minha vida!

Como é difícil crer em Ti, Deus-Menino!
Como é impossível viver sem Ti!
Como é medonho não Te amar, não esperar em Ti, não fazer de Ti o horizonte, o consolo, o sentido, a esperança dos meus dias!

Menino pequenino, Deus meigo,
Deus tremendo, Santo de Israel,
Esperança de Abraão,
Terror de Isaac,
Adversário de Jacó,
Saudade de Moisés,
Herança de Davi,
Sonho e consolo de Israel,
Jesus,
Em Ti creio,
Por Ti espero,
A Ti quero amar por toda a minha vida!
Deus nascido da Virgem,

Salva-me, pela graça do Teu santo Natal!


sábado, 28 de dezembro de 2013

A Sagrada Família, de Nazaré e nossa!

“Vieram apressados os pastores, encontraram Maria com José, e o Menino deitado no presépio” (Lc 2,16).

Como os pastores, é assim que também nós encontramos o Menino nascido para nós, o filho que nos foi dado: deitadinho no presépio, com Maria e José. Neste Domingo dentro da Oitava do Santo Natal, a Igreja contempla o mistério da Sagrada Família de Nazaré. Mistério, sim! Vejamos senão: o Filho eterno, ao assumir nossa condição humana, encarnou-Se e nasceu, viveu e cresceu no seio de uma família humana. Para a fé cristã, este fato reveste-se de uma significação enorme: ao assumir a família, ao entrar nela e nela humanizar-Se, aprendendo a ser gente, o nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo, santificou a família humana. Já no princípio, quando Deus, na Sua sabedoria infinita, viu não ser bom que o homem estivesse só e deu-lhe a mulher por companheira, determinando que os dois fossem uma só carne, desde então, a família é sagrada. Isso mesmo: Deus pensou no ser humano nascendo e sendo formado no seio de uma família! E compreendamos bem família: um homem e uma mulher unidos estavelmente, gerando e educando filhos no amor! Uma família, do ponto de vista de Deus, é isso; nem mais nem menos! Pois bem: a família, sonhada e instituída por Deus, foi definitivamente abençoada e levada à plena sacralidade pelo Filho eterno quando, fazendo-Se homem, santificou e consagrou a vida familiar.

Eis por que, para os cristãos, a família é sagrada: nasce do sacramento do Matrimônio, no qual o marido e a esposa recebem a graça de viverem como sinal da aliança de amor entre o Cristo-Esposo e a Igreja-Esposa. Nascida do matrimônio, a família vai crescendo pela fecundidade do amor humano, consagrado nas águas do Batismo de cada novo membro que nasce; e vai alimentando-se não somente da comida e da bebida da mesa de cada dia, fruto bendito do suor e do trabalho, mas, sobretudo, do pão e do vinho, Corpo e Sangue do Senhor, dado e recebido na Eucaristia. Estejamos atentos a este fato importantíssimo! A família não é uma realidade simplesmente humana, sociológica! A família é sagrada: querida por Deus, amada por Deus, criada por Deus, sustentada por Deus! Quem destrói a família peca gravemente contra Deus! E mais ainda: a família como Deus a pensou, repitamos para que não haja dúvida, é composta nuclearmente por um esposo, uma esposa e os filhos! Os cristãos não poderão nunca pensar em outros modelos de convivência como sendo uma família nos moldes desejados por Deus! Os cristãos nunca aceitarão a maldita ideologia de gênero que, em nome de direitos inexistentes, pretende subverter o que o Senhor Deus pensou para a humanidade e inscreveu no corpo e na psicologia dos seres humanos! Homem e mulher imagem de Deus, unidos no amor que tudo crê, tudo suporta, tudo espera, que é fiel, que é perene, abertos à vida, gerando e educando filhos para a Igreja e para o mundo. Este é o plano de Deus, este é o compromisso dos cristãos, esta é a lei inscrita na nossa natureza humana, no nosso coração, quando não subvertido por ideologias artificiais e ateias! Atentos, irmãos: os cristãos devem sempre respeitar as pessoas e suas opções de vida, mas jamais devem chamar de certo ao que Deus chama de errado! Isto nunca, sob pretexto algum!

Esta família como Deus sonhou, se é cristã, é a primeira imagem da Igreja, é a primeira comunidade de cristãos! Pensemos bem na sublimidade de tal mistério: o pai, a mãe e os filhos, todos batizados em Cristo Jesus, são uma pequena Igreja, a Igreja doméstica! A esta comunidade familiar, São Paulo dirige, na liturgia de hoje, palavras comoventes, conselhos e exortações insuperáveis. Pensando na nossa família, escutemos: “Vós sois amados de Deus, sois Seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz de Cristo reine em vossos corações. E sede agradecidos! Que a palavra de Cristo habite em vós! Tudo que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais. Pais, não intimideis vossos filhos, para que eles não desanimem”. Vede, irmãos, o que é uma família cristã: uma pequena comunidade de irmãos no Senhor, um pequeno sinal do Reino de Deus, uma outra família de Nazaré! A família cristã é o primeiro lugar de evangelização, de experiência de amor ao Senhor e aos outros, é o primeiro lugar de oração comunitária e de santificação, é o primeiro ambiente no qual se aprende o valor do trabalho, do esforço, da partilha, da renúncia, da piedade! A família é santa, a família é sagrada, o lar é um santuário!
Mas, hoje, o mundo tem como propósito sério, sistemático, persistente, inteligente e eficaz destruir a família. Os meios de comunicação invadiram nossas casas, com ideias, imagens e palavras eivadas de paganismo e anticristianismo. Querem nos fazer acreditar que a família é algo meramente humano, que pode ser definido a nosso bel prazer! Querem que se chame de matrim6onio a uma união civil de pessoas do mesmo sexo, querem que se aceite como normal o divórcio, o adultério, a convivência sem o sacramento do matrimônio. Desejam que os cristãos achem normal a existência de ex-maridos, ex-esposas, ex-noras, ex-sogras, ex-genros, ex-sogros... Ex, ex, ex... Ex-cristão, é o que o mundo de hoje é! Ex-famílias é o que esses ajuntamentos de desajuntados são! Repito: as pessoas merecem todo o nosso respeito, a história de cada pessoa deve ser sempre respeitada; mas jamais um cristão deve esquecer o sonho de Deus, o preceito de Deus, a Lei de Deus! O projeto de Deus para a família humana não poderá nunca ser negado, relativizado, desvalorizado por um crente de verdade!

Os cristãos devemos respeitar os que pensam diferente de nós. É normal: o mundo não conhece o Evangelho, não conhece a Deus nem a luz do Seu Cristo. Tantos e tantos vivem à luz de sua própria escuridão e enxergam a vida com sua própria cegueira. Mas, nós, nós somos cristãos! Nós vimos a Luz que brilhou em Belém, nós vimos o Menino com José e Sua Mãe, nós conhecemos o plano de Deus para o amor humano e para a família!

Caríssimos, lutemos por nossas famílias! Jovens, preparai-vos com responsabilidade para uma vida de família! Que a família não nasça das gravidezes precoces, das relações pecaminosas fora do casamento! Que a família não seja enfraquecida pelo materialismo que enche a casa de bens e a esvazia de amor, de convivência e de diálogo. Que os pais não deleguem a estranhos a educação humana e religiosa de seus filhos! Pais cristãos, que vossos filhos aprendam convosco a rezar e a viver! Estejamos bem conscientes: não há esperança para o mundo quando se destrói a família; não há futuro para a Igreja se perde a noção da sacralidade de nossos lares! É na família que se aprende a rezar, a amar, a dialogar, perdoar e conviver. É com o leite materno e o abraço paterno que devemos aprender a santa fé católica que o Senhor nos concedeu.


Voltemos nosso olhar e nosso coração para a família de Nazaré: pobrezinha, sujeita a conflitos e crises, feita de lágrimas e alegrias, de convivência e esperanças. Família de Nazaré, tão igual a nossa, tão diferente da nossa! Santo Carpinteiro José, velai pelos esposos: que sejam fortes e suaves, que sejam responsáveis e fiéis, que sejam piedosos e cheios de doçura paterna, que sejam presentes ao lar e à educação de seus filhos. Santíssima Virgem Maria, olhai para as mães: que sejam defensoras da vida, que nunca percam de vista a dignidade imensa da maternidade! Que nem o trabalho nem o sucesso profissional as façam perder de vista a prioridade e santidade de sua vocação materna e a necessidade de aquecer o lar e os filhos com seu amor e sua presença. Senhor Jesus, Menino nascido para ser nossa paz, velai pelos filhos, velai pelas crianças e não permitais que a vida humana seja assassinada pelo aborto e pelas experiências sacrílegas com embriões humanos! Que os filhos cresçam como Tu cresceste: no calor de um pai e de uma mãe, no aconchego de um lar, na piedade da oração familiar e da simplicidade das lutas de cada dia! E que possamos louvar-Te eternamente, um dia, com José e Maria de Nazaré. Amém.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Para a Noite Santa do Natal

“A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens!” Esta palavra da segunda leitura desta Noite santíssima exprime de modo admirável o sentido da Festa de hoje.

Vinde, caríssimos, aproximemo-nos do Presépio! Para nossa surpresa, encontraremos, envolto em faixas, reclinado na manjedoura, Aquele que é a Graça de Deus feita carne, feita gente, feita um de nós; a graça de Deus com rosto humano! Que Mistério tão grande e tão doce!

Andávamos perdidos, como tantos ainda hoje – cada vez mais, ainda hoje! Não tínhamos um sentido para a vida; éramos presos por nossas paixões, escravos de nossos desejos desencontrados, entregues aos nossos próprios pensamentos, que levam ao nada. Orgulhosos, seguíamos, cada um de nós, suas próprias ideias. Como os pagãos de hoje, pensávamos que éramos livres por fazermos o que queríamos, por seguir nossa tênue e obscura luz... E, no entanto, éramos escravos de nós mesmos e de um mundo cego e perverso... Não sabíamos o que fazer com a vida, com a dor, com nossos instintos e tendências, com as feridas da existência; não compreendíamos o sentido do nosso caminho, não conseguíamos vislumbrar a estrada para a verdadeira felicidade e a verdadeira paz. O homem sozinho não consegue se vencer, não consegue se superar, não consegue se libertar... Nossa vida parecia, como a de tantos pagãos de hoje, uma fiada de futilidades vazias de verdadeira alegria e nosso destino seria a morte, vazia e sem sentido. Ainda hoje, tantos pagãos, nossos amigos e familiares, nossos distantes e nossos próximos, vivem assim! Ainda hoje, há tantas lâmpadas na nossa cidade e tão pouca luz!

Mas, para nós, nesta Noite mil vezes abençoada, “a Graça de Deus Se manifestou”! Nós vimos a Luz, Aquela que é capaz de iluminar a nossa existência! Jesus – eis o mais doce dos nomes; eis o nome dessa Graça bendita, Graça com jeito, choro, e sorriso de recém-nascido! Vinde, vinde contemplá-Lo! Ele veio para nossa salvação! Veio para nos arrancar de nós mesmos, de nosso horizonte fechado e estreito; veio para abrir nosso pensamento, nosso sentimento, nossa vida, abri-los à dimensão do coração de Deus, fazendo-nos felizes e verdadeiramente humanos! Não seremos nós mesmos, não seremos realizados, não seremos livres, a não ser abrindo-nos para Ele! Acolhamos a graça e vivamos uma vida nova: “Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo, com equilíbrio, justiça e piedade!” Ele veio, irmãos, porque, sozinhos, não conseguimos encontrar a verdade de nossa vida... Ele é a nossa Verdade, Ele é a nossa Vida!

Caríssimos, cada vez mais o mundo cai na treva, no paganismo, na cegueira. Tocamos, mais que nunca, a descristianização, a dissolução da família, a propagação do mal, a desmoralização de toda moral, de toda dignidade, de todo valor verdadeiro, a difusão de um pensamento anticristão e contrário aos santos ensinamentos da Igreja de Cristo. Nesta Noite sacratíssima, quantos estão se embriagando, quantos adulterando, quantos, pelas emissoras de rádio e televisão, esbaldando-se em uma programação mundana; quantos, nesta Noite esplendorosa e doce, nem sabem que existe uma esperança, um sentido, uma mão de Deus estendida para toda a humanidade! Quantos, amados irmãos, dizendo-se ainda cristãos, vivem no pecado, aplaudem o que condenável pela santa Palavra de Deus, o que é vil aos olhos do Senhor; quantos há que se dizem cristãos e pensam e sentem e vivem como o mundo que não viu nem conheceu a Graça de Deus que hoje nos apareceu! Eis que a Graça de Deus, hoje nascida do ventre da Sempre Virgem, convida-nos à conversão, convida-nos a uma séria mudança de modo de viver. Não seremos cegos, se vivermos na Sua luz; não seremos perdidos, se seguirmos Seus passos; não viveremos na morte, se nos abrirmos para a Sua vida!

Numa noite como esta, melhor ainda: nesta mesma Noite Santa, há mil e quinhentos anos atrás, o Bispo de Hipona, Santo Agostinho, exclamava: “Expergiscere, homo: quia pro te Deus factus est homo” - “Desperta, ó homem, porque por ti Deus Se fez homem!”! E continuava: "Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá! Por tua causa, repito, Deus Se fez homem. Estarias morto para sempre, se Ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado, se Ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a Sua misericórdia. Não voltarias à vida, se Ele não tivesse vindo ao encontro da tua morte. Terias perecido, se Ele não te socorresse. Estarias perdido, se Ele não viesse salvar-te".


Caríssimos, tomemos consciência de tão grande graça! Nesse Menino que repousa no presépio foi-nos dada a força para sair do sono miserável de uma vida medíocre e vazia, de uma existência morna e sem elã. Desperta, ó cristão, porque hoje brilhou para ti a Luz! Por ti, o Filho eterno fez-Se um de ti! Até onde Deus está disposto a te mostrar o Seu amor, a tirar-te de tua vida vazia! Como exclamava a Liturgia medieval na Noite de hoje: “Aquele que deu forma a todas as coisas recebe a forma de escravo; Aquele que era Deus é gerado na carne; eis que Ele é envolvido em panos, Aquele que era adorado no firmamento; e eis que repousa numa manjedoura Aquele que reinava no céu”. Despertemos, caríssimos! Que nossa alegria desta Noite, que a paz que inunda o nosso coração, transborde numa vida mais comprometida com o Cristo Jesus! Que nossa existência seja realmente conforme a santidade e a liberdade Daquele que hoje nasceu da Virgem Santíssima! “Porque nasceu para nós um Menino, foi-nos dado um Filho; Ele traz nos ombros a marca da realeza; o Nome que Lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz”. A Ele a glória, pelos séculos dos séculos. Amém.




Ansiando no meio da noite...


Madrugada, mulher fecunda,
Que vai parindo a véspera do Natal...

Como é bom, como consola esperar
Na noite a chegada do Dia!
Noite da vida, noite do mundo, noite da alma..
Tantas noites!
Amedrontam-nos,
Deixam-nos confusos,
Não nos permitem ver os contornos,
Distinguir as silhuetas...

E vem-nos o sono, o cansaço,
A tentação de deixar pra lá
E não buscar,
Não esperar,
Não mais ir ao encontro
Do Dia que vem!

Mas, no meio da Noite
- mulher misteriosa e fecunda -
Ele veio, Ele vem, Ele virá no Dia sem fim!
Veio Menino pequeno, tão frágil...
Vem ainda de tantos modos,
Escondido nos modos da vida...
Virá um Dia
Como Esposo para as núpcias eternas,
Como Amigo importuno que bate à porta,
Como Ladrão misterioso que rouba meu coração,
Como Senhor que me pedirá contas
Do que vigiei ou não na noite desta vida...

Noite...
Eu vigio no teu seio!
Noite...
Eu escuto o teu silêncio!
Noite...
No teu regaço feminino eu espero por Ele,
Pelo Dia sem fim,
Pelo Sol que traz a cura em Seus raios,
Pelo Salvador,
O Messias bendito,
O Cristo formoso, mais belo dos filhos dos homens
Que sacia toda sede,
Afugenta toda treva
E enche de Vida divina meu coração inquieto...

Noite bendita,

Traze logo o Dia da Vinda do Emanuel!


domingo, 22 de dezembro de 2013

O que move?!

Fizeram-me, hoje, esta pergunta:

O que move a humanidade? A Igreja fala algo sobre isso?


Dei esta resposta:
A providência amorosa do Senhor Deus e, ao mesmo tempo, a liberdade humana.
Ao mesmo tempo,
mas não no mesmo nível...
A humanidade e cada ser humano é realmente livre,
mas, por trás de tudo,
misteriosamente,
está o Misterioso,
cheio de amor providente,
cheio de zelo amoroso...

E vai guiando tudo segundo o Seu desígnio,
fazendo escrita certa,
que leva direto ao Seu plano de nos salvar,
apesar das linhas tortas da nossa vida.

Quem crê percebe isto:
essa Mão, essa Providência, essa Presença misteriosa,
por trás de tudo,
mesmo quando dói,
quando machuca,
quando não compreendemos
e julgamos absurdo.

Quem não crê
vê somente à medida da própria razão humana:
vê a casca,
enxerga a superfície,
só divisa um monte de coincidências,
um acaso onipotente e onipresente,
nada mais que isso...
E a vida, então, torna-se fruto de um joguete de mau gosto,
que zomba da nossa liberdade,
humilha nossos projetos,
frustra nossos esforços,
ridiculariza nossa vida
e nos massacra na hora da morte...

Com Deus tudo ganha sentido,
sem Ele tudo termina sendo, no fundo, um triste absurdo,
um não-sentido, um correr atrás de nada,

uma paixão inútil...