Neste
tempo natalino, como não nos admirar com o surpreendente modo de agir de Deus;
um modo que nos desconcerta: o surpreendente sinal de Belém: um recém-nascido
envolto em faixas numa manjedoura, a visita da gentinha do povo (isto eram os
pastores), o silêncio de Deus ante as inocentes e indefesas criancinhas de
Belém, mortas por causa do Menino...
Quem
pode compreender o pensamento do Senhor? Quem pode verdadeiramente compreender,
enquadrar nos limites da própria razão um Deus assim?
Acostumamo-nos
a pensar, quase que inconscientemente, que compreendemos o Senhor, que sabemos
os Seus passos, que podemos calcular o proceder do Senhor Deus. Não! O Senhor
nosso Deus é Santo (isto é, separado, para além de quanto possamos compreender,
imaginar, circunscrever ou prever). Sabemos com certeza certa que Seu Nome é
Amor, é Fidelidade (basta olhar o presépio, basta olhar a cruz), mas o modo
como tal amor e fidelidade aparecem na nossa vida é, mais das vezes,
desconcertante...
Então,
aparece claro que o verdadeiro crente, ao fim das contas, é aquele que crê sem
compreender tudo, é aquele que aceita caminhar com o Senhor ainda que tudo
paraça escuro e, às vezes, sem sentido.
Infelizmente,
a autossuficiência, a soberba, a ilusão de tudo poder engaiolar na razão –
taras do homem atual – fazem que seja tão custosa a atitude de entrega, de
confiança, de abandono nas mãos do Senhor! Se não compreendo, então Deus não
existe; se não cabe na minha lógica, então não há um Deus; se não serve para
resolver os meus problemas, então mudo de Senhor... Olhando bem, até mesmo boa
parte dessas pregações pentecostais leva consigo esse germe maldito de ateísmo,
enquanto propugnam um deusinho tapa-buracos, feito sob medida para resolver
nossas questões...
Vamos
a Belém! Prostremo-nos, admirados, ante a surpresa desse Deus-Conosco tão
pequeno e misericordioso, tão meigo e encantadoramente criativo nos Seus modos
de agir...
Ó
Senhor meu, não Te compreendo não!
Custa-me
crer num Deus tão pequenino no presépio,
Tão
pobrezinho, envolto em faixas,
Tão
dependente, nos braços da Virgem Mãe,
Tão
indefeso, sob o olhar de José...
Deus-conosco,
Conselheiro Admirável,
Por
que deixaste morrer assassinadas tantas criancinhas em Belém?
Príncipe
da Paz, por que já entraste no mundo trazendo guerra,
No
morte de inocentes, nos pais que viram seus filhos arrancados de seus braços
violentamente,
Em
José e Maria, por Tua causa fugindo para o Egito, como exilados?
Não!
Não Te compreendo não!
Mas,
vejo-Te feito homem e Te adoro com todo o Meu coração,
Vejo-Te
pequenininho e me comovo Contigo,
Penso-Te
no frio da noite de Belém e minha vontade é de abandonar-me totalmente nas Tuas
mãos fofinhas,
Contemplo-Te
no aperto da penosa fuga para o Egito e morro de vontade de Te acolher no meu
coração, na Minha vida!
Como
é difícil crer em Ti, Deus-Menino!
Como
é impossível viver sem Ti!
Como
é medonho não Te amar, não esperar em Ti, não fazer de Ti o horizonte, o
consolo, o sentido, a esperança dos meus dias!
Menino
pequenino, Deus meigo,
Deus
tremendo, Santo de Israel,
Esperança
de Abraão,
Terror
de Isaac,
Adversário
de Jacó,
Saudade
de Moisés,
Herança
de Davi,
Sonho
e consolo de Israel,
Jesus,
Em
Ti creio,
Por
Ti espero,
A
Ti quero amar por toda a minha vida!
Deus
nascido da Virgem,
Salva-me,
pela graça do Teu santo Natal!
Infelizmente, é preciso lembar também, no nosso meio católico existem pregações pentecostais cheias de "germes maldito de ateísmo". Infelizmente!
ResponderExcluirDom Henrique, sua benção!
Linda reflexão e tenha um santo e feliz ano novo com as benção de Deus!
André Correia
Obrigado por seu testemunho de vida Dom Henrique!
ResponderExcluirSão palavras belas que escreveste sobre o mistério do Natal do Senhor.
Tenha um abençoado ano novo.